terça-feira, 7 de junho de 2011

Ave-Cruz

O frio anda queimando minha pele. Tremo, me arrepio, mas não ligo. Gosto do ar gelado que o mundo tem soprado. É menos tortura, menos mentira.
Uma coisa deu um nó em minha garganta. Não sei o que é. Acordei estranho, com um pingo de lágrima ausente que não quis sair. Pensei coisas, situações... Li, reli, escrevi, revivi no imaginário as minhas desilusões e mesmo assim, a gota salgada permaneceu estagnada. Acho que são as letras engolidas ao invés de gritadas.
Está doendo em um lugar que minha mãe não pode afagar e nem remédio pode curar. É do lado de dentro sabe?
Parece que a fome existencial está chegando e tudo que produzi até agora não está sendo capaz de suprir minhas necessidades de gente-humana que tenho galgado a me transformar.
Necessidades materiais e ausências afetivas. Desleixo espiritual e miséria (pseudo) intelectual. O mal está aí: ser interpretado de maneira escrota; achado entre as coisas sólidas que me afastam da inutilidade.
Meu escapulário arrebentou. Pode não ser nada, mas ele arrebentou sabe? Não é legal – foi um presente – e ele se foi. Não vou consertar as relíquias, talvez seja à hora de mudar de santo PROTETOR. Deixar de repetir as mesmas orações e tomar a benção de novos poetas. Conciliar o que ainda resta de mim, as costuras dos sonhos que ainda restaram. Mas estou confuso, perdido, eloqüente.
Necessito de uma paz nova. Daquelas contadas quando o fim é certo e não se verá mais a maldade impregnando as páginas. Cansei do início e lidar com os meios estão insuportáveis. Quero o fim. Sei lá! Talvez chegando ao fim, me apareça outra oportunidade para um novo recomeço.
Quero amor, paz, luz, firmeza... Quero histórias novas, sentimentos novos. Positividade sabe? Preciso mais do que idéias pessimistas e menos que situações otimistas. Preciso de chão, de mão, de coração. Pele, gente, sonho.
Ah! Eu só quero viver sabe? Saborear, experimentar, prosseguir e quando necessário, regredir.
Existe diferenças; existem péssimos dias; nada é para sempre bonito. A única coisa bela é perdoar; quem ama perdoa; quem ama vai ao encontro...

2 comentários:

  1. Parabéns mano, vc é muito talentoso.
    Grande abraço!

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  2. como sempre Nijam consegue por um pouco, nem que seja um pouco, dos nós da garganta em palavras. positivas amigo, tem dias que são meio sei lá...e serão assim mesmo "meio sei lá"

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