quinta-feira, 31 de março de 2011

12º ato


Eu quero andar; o destino só Deus sabe, ou nem mesmo Ele. Mas o meu coração, que me guia, deixará para traz, as poesias de um louco poetizador, que não soube compreender a vida, mas viveu…

quarta-feira, 30 de março de 2011

11º ato


A vida nos concede pessoas; e algumas pessoas nos concedem o direito de chama-las de amigas.

segunda-feira, 28 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Anǐma

No palco de nossas estréias, somos convidados a interpretar tudo aquilo que está em nós, sem reserva e limites. A platéia de nossos atos perpassa a condição física e age dentro do que temos de mais emotivo e imaterial. Somos seres dotados de erros e acertos e por conta disso, tudo que produzimos são peripécias da alma. Vejamos e entendamos que estamos ligados por um fio ser homem e ter uma alma ou ter um corpo e ser alma. Nascemos a partir da concepção de homem e com o tempo podemos brindar a já existente capacidade de anǐma que possuímos. É como juntar o elemento principal da obra ao que estamos realizando. Compreender é matéria difícil, mas motivadora para aqueles que desafiam as incoerências até aqui propostas. De nada adianta ensaios catequéticos que não nos levem a questionar e investigar o que pressupõe ser aquilo que move dentro de mim. Pois é. Alma, é a conjectura que desde sempre esteve ali. Fora investigada por muitos, mas poucas foram as respostas convincentes e determinantes para os questionamentos que devemos trazer dentro de nós. Além disso tudo, nenhum tratado filosófico também nos trouxe a luz respostas satisfatórias. Pois bem, penso que isso é matéria a ser estudada e refletida por cada ser vivente que em sua capacidade de ser gente, deva fazer como lição de casa a analise e reflexão a cerca disso. Não nos adianta somente nos alimentarmos por teorias prontas se na prática ainda não nos servem de nada. "Deus soprou no rosto do homem um sopro de vida...¹". Aos céticos isso não passa de balela e não tenho pretensão de falar-vos a não ser questionar. Não como um principio ativo, mas como questionador de tudo que há em movimento, pois se não consigo tocar em algo ou nem mesmo ver, é de se perguntar e trazer à tona, algumas teorias que nos corrompam a prática: existem coisas que os olhos humanos não enxergam a luz da cerne da carne, mas sente, experimenta através de uma psique pouco trabalhada e nesse caso já está valendo.
Corpo é aquilo que movimentamos e a alma é o corpo que movimenta o próprio corpo. Assume, portanto, a condição de pessoa na sutileza de mantermos no equilíbrio. Não se separa e nem se divide. É algo pessoal que trás a luz para o intelecto a capacidade ímpar de se tornar plural. São coisas que estão além do bem e do mal e por esse motivo deve ser analisada com carinho e objetivação. A investigação é a melhor maneira de se compreender um pouco mais daquilo que pouco sabemos por nós mesmo. Nos deram o caminho, mas só nós podemos trilhar por ele nós mesmos e sozinhos. Não temos a companhia de nenhum grande sábio, pois é difícil identificar eles diante do caos que se originou tudo e todo. Portanto, caminhemos guiados pela vontade de superação e motivados pela desordem que deve ser organizada. O comprometer-se com a busca de verdades, não as absolutas, mas verdades que convençam primeiramente a nós mesmos e que podem ser decisivas para o caminhar de nossa humanidade. Tudo aquilo que anima, da vida, deve ser analisada e se assim achar necessário objetivar em atos e ações as concepções que cada um tome para si mesmo. "Sors tua mortalis, non est mortale quod optas.²".

¹ Livro bíblico do Gênesis
² Trad. Voltaire: "Teu destino é mortal, mas não é mortal o que desejas." - Verso do livro Metamorphoses de Ovidius Naso

quarta-feira, 23 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

2º ato


“Existem espaços que não correspondem a esse mundo visível. São sensações e pesares que caem sobre as linhas de uma folha em branco. Lápis, caneta… meus pensamentos aqui descritos, tomam forma.”

sábado, 19 de março de 2011

1º ato


Você sempre quis me levar pra junto de você e quando enfim conseguiu, prometeu me amar, pra sempre e nunca me abandonar e fazer de tudo pra me ver feliz. Agora você vem com essa história de que a gente não tem assunto e que seu sonho nunca foi casar e que com o tempo piora. Diz que eu vou pro exterior e não vou mais voltar e que mesmo sabendo disso tudo quer muito que eu vá. Por favor, quando você deixar de me amar, será que eu poderia ser a primeira a ficar sabendo?

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fios de Histórias VII

O jardineiro, a flor e a metáfora

Já não era dia, mas ainda datava sexta-feira, e o jardineiro continuava a cuidar fielmente do jardim de Beatriz, talvez ele ainda estivesse ali pelo fato de naquele período, os horários não eram os de fatos sucumbidos ao espaço do tempo.
Rafael, o jovem com experiência tamanha em adornar jardins, aprendera o ofício com seu pai ainda quando pequeno, por isso carregava em si grande aptidão com o que a natureza propunha a oferecer aos olhos de homens e mulheres que buscassem um jeito novo de contemplar a vida.
Beatriz era jovem e carregava consigo a beleza ímpar de um princesa desses novos contos de fada. Rafael era belo, inspirando em si, a perfeição de um amontoado de flores bem cuidados. Eram as diferenças encontradas sobre um mesmo espaço recortado pela imaginação de cada um.
O momento era favorável a uma prosa entre os jovens que demonstravam apresso imenso um pelo outro, devendo-se levar em consideração que já se conheciam desde pequenos. Sendo os seus pais, velhos amigos dos tempos de mocidade. Estavam acostumados a estar em alguns momentos juntos, mas nunca tão próximos, pois suas vidas tiveram rumos e situações diferentes daquelas sonhadas quando ainda brincavam e sonhavam apenas em mudar o mundo.
Beatriz demonstrava certo contentamento em ver Rafael ali, talvez trouxesse para fora de si esperanças, sonhos, desejos ou sabe-se lá o que. Mas talvez aqueles encontros, quase que mensais lembrassem a ela de quem era de verdade. A jovem perderá os pais em um acidente de návia que partia rumo a uma expedição missionária em meio a África, e como ela ainda era muito jovem, ficou sob os cuidados de sua avó, vindo a falecer alguns anos depois. Talvez a senhora só tenha esperado Beatriz crescer para poder partir também.
O jardineiro, era uns dois anos mais velho que Beatriz. Era quase um adulto, mas parecia um menino quando estava entre as flores. Morava com a mãe. Seu pai, morreu em meio a uma batalha travada na capital de sua cidade. Deixou para o filho, a esperança de poder encontrar nas flores, o elixir de uma vida justa, regada e harmoniosa. Plantou dentro dele, mesmo com as ausências, afetos sólidos e construtivos. Tornou o menino em um homem, dando-lhe espaços para os sonhos e medos. Abrindo as portas para o mundo mas também o trancando quando devaneios passavam e poderiam raptar a dignidade do menino homem Rafael.
Ao encontro dos dois na varanda, ouviu-se bem ao fundo, a trilha sonora que embalou a época dos dois jovens, que foram marido e mulher em suas épocas de brincadeiras. Era uma letra de beleza sem igual que dizia: “O amor é real, realidade é o amor / O amor é sentir, sentindo amor / Amar é querer ser amado¹...” Mas antes que as emoções começassem a aflorar a pele, apareceu-lhes entre ele a metáfora. Algo como a terceira pessoa do singular, não deixando espaço para que Beatriz e Rafael vivessem o que a tempos começaram, mas que nunca conseguiram consumar. E restou a metáfora amar o seu progenitor jardineiro. E a Beatriz, a metáfora também amou. Se sabe apenas que esse amor existe, mas quem alguém terá que ceder seu espaço para que a flor possa florir.

¹Love – John Lennon

quinta-feira, 17 de março de 2011

Fios de Histórias VI

O tempo e eu

Assumindo a condição de infinitude, o tempo foi requerer ao seu criador o seu direito reservado de ser quem é e a plena justificação de suas horas prestadas de serviços gratuitos.
Questionou. Tornou-se os por ques em dilemas, onde só quem teria a resposta seria o seu mais chegado Kairós. Duvidou da física que a quantificou-o em movimento analógico, desenvolvendo assim um diagnóstico psicossomático, passando a assumir uma condição meramente humana para as análises de um Tal Dr. Saturno, senhor de tudo que cabe no espaço, sem as designadas linhas das certezas contextuais.
Chorar ao mundo, foi a maneira mais fácil que encontrou para demonstrar suas fragilidades. Juntou-se aos misticismos de uma tragédia próxima e aos ritos de uma geração desenfreada em comunhões aqui ou acolá. Dormiu o sono dos inocentes e massificou entre as construções de recônditos subconscientes, ao qual o mundo depreciou entre terapias e psicanalises.
Procurou ainda entre as sessões de psicografias, cartas escondidas de sua senhora mãe Gaia, que deixou-se morrer quando os seus filhos feitos em carne humana, entronizaram ao mundo seus reis particulares e seus temidos presidentes. Sábia ela que seu organismo nunca mais seria o mesmo com a miséria que um dia lhe entregariam no banquete da noite seguinte.
Encontrou seu fim onde havia promessa de vida abundante. Viu sua morte tão próxima que não sobraria “tempo” de compor a sua melodia psicobiografica. Não teria com quem compartilhar cartas filosóficas. Ensaios metodológicos e menos ainda artigos fenomenológicos. Teve que se acostumar com o que diriam e inventariam a seu respeito. Temia aos contos de escritores “moderninhos” e roía de ódio pelas comparações paradoxais que moralistas pré-contemporâneos iram argumentar em seus cultos.
Foi se confortando, juntando suas coisinhas que espalhara pelos cantos subversivos e juntando tudo dentro de um grande saco desgostoso e apertado em meio a escombros e nucleares. Concentrou-se apenas em pegar tudo, não deixar nada como herança. Tornou-se egoísta. Eternizou o fim dos tempos, seus filhos mais novos e lançou sobre o que viesse depois dele a maldição de terem que aprender a serem homens.
Antes deles, só houve um dia de choro e ranger de dentes. Após eles, todos estariam sucumbidos a essa façanha pregada em evangelhos particulares. O mundo sem o tempo, seria a partir de um novo olhar metafórico, a depravação de um despejar da coisa cheia em sua forma vazia.
Deixaria como peso para os ombros, aquilo que futuramente chamaram de poetas. E sob o olhar das ditas Igrejas, a lançaria pastores cuja função determinante será a de apascentar homens como se fossem ovelhas.
E agora o tempo vai partindo. Acrescentando ao que há de vir, aparelhos digitais e mecânicos que consumiram toda a vida que vier a existir, pois nesse instante, eis que tudo se fez novo e o que era velho não existe mais.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Fios de Histórias V

Processo de ser mulher

Quando o dia começa cinza, deve-se ter em mente que é bom levar consigo, mesmo que sem nem resquício de chuva aparente, a sombrinha velha ao qual estamos acostumados carregar em algum canto de nossa bolsa, ou simplesmente chacoalhando entre os dedos de uma mão escolhida para ser portadora de tal gesto.
Assim também, é a vida de pessoas que transbordam junto as águas de um tempo as avessas, as lágrimas veladas em um coração cheio de buscas. São homens e mulheres que aprenderam com a vida, a intemperança dos gostos amargos tragados com a felicidade de permanecer e perceber-se em pé, mesmo quando o soprar dos ventos não são favoráveis.
As histórias se repetem em todos os cantos do mundo. São apenas rostos, nomes e casas diferentes, mas que trazem a marca de uma vida escolhida a dedo por querer continuar sem deixar que certas informalidades, deságüem de maneira descontrolada sobre os afetos e virtudes conquistados com os joelhos no altar que a vida proporciona.
Acontece na vida de todas as Anas, Marias, Soraias, Joãos, Felipes e Antonios. E aqui cabe contemplar o processo singular da beleza mais pura que se pode encontrar por detrás de um balcão amontoado de roupas, que traz consigo, um amontoado de questionamentos e algumas frustrações que é cabível a cada ser pensante que se compromete em ser gente.
Filotéia¹, jovem de olhos claros; mulher de sorrisos fardos de sentimentos sinceros e muito mistos. Representa em parte, a natureza que a mulher tem que assumir quando se depende dela, unicamente para manter o equilíbrio entre o ser e o estar. Talvez, se cada pessoa conhecesse uma dessas milhares de mulheres com os mesmos desejos e angústias, compreenderiam a beleza que se esconde entre as frases e pensamentos subjugados caretice.
Abrir o diário de vida dessa jovem, é como descobrir o porque ainda a desordem continua organizada. Ela carrega sobre os ombros, a esperança de ver um dia tudo mudar. Se abre um leque de possibilidades quando tudo parece não ter mais solução e devolve ao tempo o necessário para desencadear a civilização do amor, mesmo que chamadas de ingênuas e tolas.
Ser mulher é isso: acreditar quando não se há esperança. Ser o “sal e luz” do mundo. Descobrir entre a maquiagem forte a beleza de um rosto angelical que é aquele que é capaz de sustentar, mesmo na aparência de quando tudo parece querer desabar. É ver sobre os aspectos da estética, a imagem semelhante daquela que ouve tudo com o coração e realiza, por vocação, um chamado especial de viver intensamente por aqueles que ama. É notar que a vida dela não pode ser violada por mesquinharias de um machismo burro, ou de um feminismo enganador.
Filotéia é uma jovem prestes a completar seus vinte e tantos anos. É convidada a deixar de fato a vida de uma adolescente em transe, mas contemplar uma vida adulta, já experimentada antes mesmo dessa hora chegar, mas que agora recebe com a beleza do gosto de uma vida vivida com a intensidade. Encare-a e veja as sombras em seus olhos e o esmalte vermelho em suas mãos. É a mulher, que chega com o seu eterno coração de menina.

¹Filotéia – Feminino de Filoteu. ((Grego) - Philótheos: "phílos: amigo, e théos: Deus", "amigo de Deus", "que ama a Deus".)

terça-feira, 15 de março de 2011

Fios de Histórias IV

A vida acontece no singular

Certo dia, Pedro fora tomado de vários questionamentos acerca de basicamente tudo que já tivesse ouvido. Acerca disso tudo, angustiadamente, sentou-se e tentou pensar.
As idéias pareciam voar dentro de sua cabeça. Era difícil manter-se fiel a uma única coisa, a um único caminho a seguir. Seria mais fácil, desejou ele, chegar naqueles ditos sábios do tempo; senhores da “razão”. Já que um jovem, quando pensa muito, é por hora chamado de tolo e um senhor de seus lá sessenta e poucos anos, de mestre da vida.
E foi exatamente o contrário que Pedro fez; não procurou ninguém. Acalentava em seu coração a vontade de descobrir e assim, não menosprezava sua capacidade de ser gente. Talvez, ignorar o que as outras pessoas dissessem, o tornaria de fato vivo. E de fato é assim. As verdades dos outros, são boas para elas e muitas vezes fatídicas para a construção pessoal dos outros. A experiência de cada um, só nos cabe sob o efeito de demonstração de vida, mas não nos pode em momento algum, privar que cada ser pensante ou não, tenha uma vida de escolhas e vidas próprias. Sem a doce ilusão de que se foi bom para mim, também será bom para você. É o grande engano da humanidade de julgar tudo pelo preconceito de ter medo de deixar o outro partir.
O mundo de Pedro, era particularidade sua. Mesmo que dividisse no espaço um lugar com outros corpos, seu lado subversivo era particular, não cabendo a ninguém, dizer-lhe o que é certo e errado. Não se pode querer comprar as descobertas dos outros. Não se doa bagatelas de afetos em troca de ter para si, o perfume particular que as angústias e as satisfações alheias produz.
O jovem, ainda sentado, decidiu que viveria a vida. Assim como lhe era de direito. Não se reservaria das novidades de um novo lugar; menos ainda menosprezaria a sensação estonteante de uma forte bebida quando lhe fosse ofertada. Deixaria morrer para si, as suas mortes. Aprisionaria os seus medos em si, pois é processo natural do homem sentir medo. Choraria, requerendo o direito de ser quem ele quisesse, e mais ainda, sonharia com um mundo fantástico, sem a preocupação de chamado de utópico ou ingênuo.
Chegou a hora em que ele resolveu balancear seus valores, seus planos e seus argumentos. Estava na hora, mais que na hora dele sentir de uma vez por toda a sensação da liberdade. Não era porque dependia de certa forma de algumas pessoas ou coisas, que deveria aceitar a o excesso de “mau” cuidado que haviam tendo com ele.
Pedro saiu pelo mundo, mesmo permanecendo sentado, estático no mesmo lugarzinho que a vida lhe reservou chamar de céu. Sim! Se céu é uma coisa boa, é um lugar que liberta e garante o direito das pessoas de serem livres e com isso, esse jovem de pensamentos frouxos, definiu sua vida pelo que sentia de verdade e não mais pelos aforismos alheios. A vida dele é particularidade sua, e quem não tem medo, que vida seus lados travessos, sem o medo julgativo dos outros.
A vida proporciona singularidades. Cabe a nós, torná-las plural em nós mesmos.

Fios de Histórias III

Fim de novembro na praia

Um final de semana na praia, costuma ser normal entre a geração que busca a paz das forças ocultas desdenhadas em estrepolias e festas. E no fim de novembro, foi mais um desses que Caio pode se deliciar com o sol quente de um verão que ainda não tinha chegado. Um sol quente, que deixou ardência e alguns sinais de queimadura litorânea.
Mas antes do mar beijar a fronte de Caio, vale lembrar que muito pode se acontecer com quem busca uma auto-afirmação junto de estranhos, vedados pelo sagrado sublime do local da mata.
Junto com Adriano e Bernardo, Caio resolveu dedicar um dia de sua vida a uma coisa nova. Uma fantasia revestida de sentimentos e buscas de certas nostalgias. Assim, adentraram-se a mata e ali puderam realizar todo o trajeto da alma e do corpo. Experimentaram em suas sensações, a realidade trasmudada em flashes de um inconsciente vazio de pensamentos mórbidos, só afim de brisar por alguns instantes a incapacidade de se tornar grande.
Nessa aventura, coube a cada um deles se afirmar diante aos símbolos da mata fechada, os valores de um encontro um tanto casual, mas que tornou-se reflexos da sabedoria que vem do alto.
Além disso tudo, Caio era novato nas histórias contadas na mata, enquanto os dois novos amigos, eram seres já mais habituados. Transpareciam um certo frescor e suavidade. Uma compatibilidade sem igual com o verde da floresta. Notava-se ao longe que os seres encantados, fisicamente se entrelaçavam entre as pernas e os braços dos garotos, que com sorrisos e frases soltas, entoavam um hino único de adoração ao momento oferecido pelo tempo, captado nesse espaço.
Ali naquela redoma de coisas verdes. Entre musgos e pouca folhas secas, que demonstravam que passou por ali um inverno não muito distante, não adiante e não muito atrás estavam eles, sentados em posição de contemplação. Era o encontro de um tal Deus com os seres pequenos e rarefeitos de misérias. Era o sonho da mata virgem encontrando-se com a insatisfação e a vida humana.
Dali por diante, os meninos tornaram se um, já que a natureza se permitiu também torna-se uma com eles.
O gosto de novembro se finda com três corações pulsantes em tom marrom e verde. Era o cheiro da terra, o gosto do mato e o salgado das lágrimas do mundo que inaugurava de modo inefável, a controversa história de uma mata sempre contemplada pelo oceano de águas claras.
Os três jovens? Encontram-se uno diante aqueles que conseguem dividir o tempo entre a mata fechada e a praia do fim de novembro.

domingo, 13 de março de 2011

Fios de Histórias II

O aluno de nº 19

A inteligência de Ramon, não era somada aos números da álgebra do professor Aílton, menos ainda descrito na gramática de D. Chica do Beabá, educadora mais velha do Colégio Irmã das Dores e muito sábia pelos contos e fábulas produzidas a décadas com o tear de experiências que desenvolveu em sua vida lecionaria.
Caligrafia feia, e frases estranhas rascunhadas entre as lições que a Geografia lhe propunha analisar. Era um aluno desajustado, escondido por detrás de um belo fundo de garrafas sobre os olhos e pincelado pelas roupas retalhadas e costuradas na confecção de sua avó Maria da Penha, outra senhora ímpar na proximidade da estátua monumental de um burro, símbolo da cidade.
Era um garoto questionador de si mesmo, mas nunca das razões do mundo. Sentava-se abaixo das pitangueiras do parque central e único por sinal e ali passava as tarde da semana toda. Logo que saía da escola, ficava para ali mesmo. Não se via mais vida naquele ser pequeno e estranho. A não ser pelo movimentar de páginas e mais páginas. Talvez fossem livros de fácil compreensão, também pudera, ele mal sabia ler ou escrever coisas grandiosas.
Ramon era filho da dona de casa Ruth e do tempo. Não conhecera o pai que morreu antes mesmo de serem apresentados. Assim dizia sua mãe quando questiona por ele sobre o pai: – esse aí morreu para mim e para você. Portanto, tão inocente era o garoto, que o pai morreu.
Não tinha irmãos, tinha primos. Não tinha amigos, havia um bocado de gente que simplesmente apertava suas bochechas. Não tinha nada, mas se contentava com o pouco e assim ia vivendo sua vida.
As horas passavam e o tempo ia se tornando escasso. Com isso, Ramon teve que aprender a ser gente. Foi difícil, mas o pobre órfão de pai aprendeu entre as linhas tortas a se comunicar com o mundo das letras e dos contos imaginários. Era visto ora ou outra rabiscando pequenos pedaços de papel branco com tinta preta.
Tudo ia se encaminhando bem quando, de supetão, ouviu-se uma voz trêmula, mas convincente de um canto da sala que disse: – Aqui aprendi a ler, agora vou embora pra aprender ser gente.
Ramon, que já estava na última série, levantou-se e caminhou em direção a porta. De cabeça baixa, não olhou para os lados e nem para ninguém. Era chegada a hora que o tempo lhe prometerá debaixo do pé de pitangas.
O jovem de olhos fundo de garrafas saiu da cidade. Fora morar com a Tia Gertrudes na cidade grande e lá iniciou-se no curso de Filosofia. Fora lido tempos depois alguns de seus pequenos textos em salas de aula e alguns dos seus livros tornaram grandes para o povo simples e essencial para o simples povo.
Ramon aprendeu com o tempo e o tempo lhe rendeu Ramon Levisnky.

sábado, 12 de março de 2011

Fios de Histórias I

O anel de ouro de Iolanda e o nome dado


Pelos morros do pequeno vilarejo de Anhagaba, se via ao longe a figura de Iolanda Gusmão, doce jovem de cabelos cor de mel que trazia em si uma beleza ímpar de todas as outras moças do lugar. Se escondia por detrás dos longos vestidos e era ansiosamente esperada por passar entre as vielas e escombros de uma terra de ninguém.
Pouco se sabia daquela jovem rapariga, que trazia em seu dedo anelar, uma aliança da cor do ouro e brilhante como a luz do sol, que resplendia aos olhos de quem ousasse olhar tão profundo sobre ele. Seria ela desposada de alguém? E quem deixaria aquela bela donzela desprovida de cuidados em um lugar onde as moças são rendeiras e os homens pescadores, tão ogros que eram incapazes de respeitar até mesmo a mãe do único padre da Capelinha de São Pedrinho, assim chamado pela imagem de um pequeno pescador encontrado a anos dentre os destroços de uma embarcação que antropólogos dataram a anos.
Anabel, a professora das crianças, dos jovens e também de algumas velhas senhoras, era a única que acenava com as mão a jovem Iolanda, que denotava certa felicidade ao vê-lá. Era como se os olhares se encontrassem e e as palavras voassem entre os pensamentos das vozes vazias e caladas.
A noite, Iolanda era vista sempre a beira do rio. Parecia companheira das águas calmas. Hora ou outra era vista olhando para o alto, talvez contasse as estrelas, mas muitas vezes elas não apareciam, mas era sempre vista balbuciando alguma coisa. Não se sabe ao certo o que ela fazia lá, mas quem passava ali por perto ficava sempre admirado com a completude que se instaurava entre a rapariga e as águas do Rio Laila, esse batizado com esse nome, por lembrar sempre da lenda que o povo de Anhagaba contava, de que a cada sete anos, é possível ver refletido sobra a água, a imagem nítida de uma índia, que fugindo de caçadores e homens maus, residiu próximo dali por muito tempo, até entrar no rio e entregar-se lindamente a morte em ocasião de um massacre a índios de sua tribo. Laila foi um nome dado meio que por improviso, pois nunca ninguém chegou perto da índia, pois os jovens pescadores da época, fizeram uma promessa a Virgem a quem eles tanto eram devotos, que cuidariam, mesmo de longe da índiazinha, como se cuidassem da própria Mãe do Céu. E assim foi feito. Pois quando ela entrou no rio, muitos a viram entrar e nunca mais sair.
Iolanda, talvez não conhecesse a lenda, pois não se comunicava com ninguém. Era possível apenas vê-la ora sorrindo, ora muito centrada em alguma coisa que nunca entenderam o que era de fato.
Iolanda e seu anel de ouro, era a coisa que mais deixavam as pessoas daquele lugar encafifadas. Colocavam todos num rodamoinho de pensamentos e aguçava a masculinidade dos pescadores, mas logo despertava algo de imaculado, trazendo sobre eles, a esperança que assolara o ambiente quando se via presente aquela jovem.
Nunca de fato, souberam quem era Iolanda Gusmão, nome esse dado pela professora do lugar. Achou-se apenas inscrito sobre a pedra que ela deleitava, sob as noites de lua cheia, a frase A lua que me banha é a mesma que me leva de volta. A índia nunca mais apareceu. E a jovem por sua vez, nunca mais foi vista, depois da festa de São Pedro, na capela de São Pedrinho. Deram depois dos acontecimentos, a alcunha de Virgem a bela jovem da Lua.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Quero um amor de Verdade*

"Para quem ama, qualquer sacrifício é alegria." Benjamin Franklin

Não acredito em amores de novelas, filmes (a não ser os biográfico, e olhe lá...) e nem em nada que "durem" para sempre. Oras, nós também não duramos por muito tempo e por que para um sentimento seria diferente? Vejo esse momento como algo que arrasa. Sim, o amor nos arrasta de uma maneira devassadora. Derruba murro, grades, pontes... tudo! Balanças as estruturas e volta novamente a derrubar. De outro lado, esse mesmo "verbo" ergue, coloque de pé aquele que está no chão. Nos rouba lágrimas, ficamos bobos e o ar se esvaí.

Eterno é tempo para aqueles que tem medo de arriscar. Humanos que não são capazes de viver o momento e sacrificar o seu ego em contraposição do outro. O que vale é o momento, o agora, o já... nesse momento. O depois é ilusão, não existe. Ninguém inicia uma casa pelos telhados e nenhum sonho se torna verdade antes que tenhamos passado pelo momento dos olhos fechados e de um coração angustiado.
Amores de plásticos temos aos montes. É o tipo inorgânico de que tudo só vale se alguma das partes receber algo em troca. Necessitamos de doação. Tanto do lado de cá quanto do lado de lá. Contratos se perdem no tempo. Filantropia enche barriga, mas não alimenta coração.
Desejo um amor intenso (pode-se confundir com paixão). Daqueles de verdade e único, singular e pessoal. Um afago, um beijo. Algo que me mova a insegurança e me possa me elevar ao ápice de uma loucura pelo outro. Quero manifestações públicas, mas que entre quatro paredes seja a concretização das palavras; surpresas são bem vindas. O silêncio no olhar e ações em cada gentileza. Necessito ser amado, querido, desejado... Preciso aprender a amar, querer, desejar e sonhar a dois.
Quero vestígios do perfume preferido na minha camiseta, marcas no meu pescoço e arranhões pelo meu corpo. É bom ser surpreendido por um encherido que nos deixa sem graça e pergunta que marcas são aquelas pelo corpo. Ficamos tímidos, mas respondemos com a satisfação de um suspiro. "Quando a gente gosta, o amor é um caso sério e tem lá os seus mistério pra contar..." ♫

*Indico o livro: "Quero um amor de verdade" de Diego Fernandes

quinta-feira, 10 de março de 2011

Silencie...

O silêncio é a maior expressão a que o homem in natura foi dotado. Pessoas inteligentes pensam, silenciam, analisam e por fim torna público suas insanidades mentais. Pois é. Penso que pensar é motivo de hospício, mas quem se priva desse verbo, merece a guilhotina. Precisamos por para fora todo um emaranhado de situações baseadas no processo doloroso e lento de um silêncio de verdade e tornar assim, a terra da nossa psíque fértil.
Existem pessoas que se calam e isso é tudo e simplesmente. Não são capazes de fazer silêncio e agem a partir da indiferença. Não tem e não conseguem firmar respostas, mantém o barulho interior e nada solidifica.
Um exemplo que gosto muito são o das cigarras. Para elas cantarem por um dia apenas, ela passa mais de um ano debaixo da terra se preparando e em silencio. E ainda somos capazes de julga-las a partir do som que emitem, porém elas, aprenderam a costurar na solidão, o rito único de uma vida bela.
Verdade seja dita: silêncio dói, dá trabalho e é desconfortante. Mas essa mesma ausência de som tem poder de vida e somente diante desse nobre e singelo momento, conseguimos dar passos a frente e firmes. Nos construímos a beira de um precipício e lá, só se ouve o eco do som que produzimos, o resto é tudo paradoxalmente morto. Quem se cala, guarda coisas e não passa pelo processo de desprendimento. O deserto está cheio de coisas viciosas e assim não nos servem de nada. Precisamos aprender que o processo de lapidação dá o brilho ao fusco a nossa subjetividade.
O que nos importa é saber falar e mais que isso, guardar o silêncio que há em nós como matéria prima a ser sacralizada e sempre visitada. Proponho o escândalo, o choro, a gargalhada, o berro... Por fim, no momento que notarmos uma falta de nossas singularidades, que possamos abrir a caixa de nossa ilusória leveza desumana e silenciar. Guardemo-nos o momento exato e enrolemos a toalha branca de cima de nossos altares. É tempo de luto e morte. A semente passa por esse processo; de morte para vida. Recordo: não se dá aquilo que não se tem. Só a luz do deserto nos mostrará o que até um exato momentos produzimos. Calar é para os mortos. Silenciar é para que deseja caminhar.

"As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível que seu canto: seu silêncio." Franz Kafka

quarta-feira, 9 de março de 2011

Coragem por força da covardia

"Pois a flecha não fere os covardes." Homero


Acredito em pessoas que arriscam. Gente que não olha à beira do abismo como um fim, mas sim como uma continuação, um principio. Aquele que atado a corda da vida não se detém de um belo salto. Humano que não se abala com o medo, sabendo diferenciar angústia de covardia.
Penso que o risco existe e não é de hoje; e aquele que não se retém a comodidade interpreta bem o que é viver a vida. Tudo deve ser feito com o discernimento de uma inteligência pessoal.
Gosto da pessoa-palavra, mas me atraí o homem-ação. O que está no papel não vale nada se não é minimamente desenrolado ao gestos de cada sílaba. Covardes são aqueles seres que sentem-se incorruptiveis e imaculados; penso seriamente que pessoas assim já são santas, e desse tipo de gente quero distancia. Meu corpo é violado pelo prazer em suas varias facetas e manchado pela culpa do pecado,  e aí está a minha essência. Não a de achar que tudo deve ser como uma orgia sentimental, mas de saber que temos que arriscar e saber de onde viemos de fato.
Que não nos interropam e nem nos pessam para manter a calma diante da loucura de ser e ser em excesso. Tem coisas que transbordam e assim deve ser. Nasci para contaminar e não para salvar. Recordo e revivo cada uma das minhas escolhas e se quiserem chamar-me de louco, que assim seja. Digo apenas que sou incoerente. O mundo deve ficar a vontade de me rotular, mesmo quando me percebo livre disso e só estou expondo minhas feridas, pois o medo que carrego em mim é domado pela força de querer ser quem sou.

terça-feira, 8 de março de 2011

Fraqueza...Realidade

"Seja você mesmo, porque ou somos nós mesmos, ou não somos coisa nenhuma." Monteiro Lobato


Quando decidimos em ser nós pelas nossas escolhas, abrimos um leque de atenção e possibilidades contra e/ou pós da gente mesmo. O julgamento é quase que inevitável e cabe a nós atentarmos e acolhermos ou não; escutar, pensar e tomar posição diante as nossas migalhas.
Como pessoa, resta-nos a singularidade da soma a quem se achega perto de nós. Ninguém é obrigado de fato a aceitar nossas pequenas frases de humanidade, mas deve-se, como pessoa inteligente defender o direito da nossa livre expressão de desequilíbrios que nos transformamos. Sim, somos pequenos desequilibrados em torno da roda que giramos. 
É difícil se relacionar com o diferente, mas é sempre o melhor a se fazer pela harmonia e o bom entendimento. Nem sempre vamos agradar e vão nos satisfazer em escolhas, mas devemos ter sempre a sensibilidade de perceber que o homem é um ser inconstante e que isso faz parte do universo único e particular traçado com a finalidade de superação.
Portanto, devemos ser e ser em excesso e essência. Dotarmos em nossas ações e opções. Tomar consciência de nossa importância pessoal e intransferível. Ser, sem esperar agradar e receber reconhecimento pelo que é. Grandes foram os nomes que foram e não buscaram  grandeza de uma vida pública, foi por acaso, ou não, mas deixaram ensinamentos que podem ser em algum momento de importância, mas nunca de imitação. Devemos ver nosso reflexo no espelho e não nos confundir com tratados psicológicos, filosóficos ou seja lá o que for de quem for. Podem chamar-nos de egocêntricos, que assim seja, mas que percebam que fomos nós mesmos, as avessas... Por fim, o mais importante é saber que o outro também tem o direito de ser quem ele é. Quanto a seres pensantes que (pensamos) somos, entenderemos um pedaço de nosso eterno livro de pequeno aprendiz que somos.


Título por Jess.

Idéia de Ilusão

Como bem sabemos, a ilusão é algo mais que o erro, esse que pode ser reparado; já em contrapartida, a ilusão permanece em sua maioria quase que imutável, nada a detém, mesmo que revelada a "luz do dia".
Vivemos atados a esse excesso de aparências enganadoras. Um caso explícito disso é quando Platão declara em sua "Alegoria da Caverna" uma forma de vida, onde explica o poder trágico da Ilusão. Homens amarrados desde pequenos em uma caverna, voltados para uma parede na qual desfilam sombras. Dai a pergunta: como (eles) não acreditar na realidade daquelas coisas?
Para atestar a ilusão, eles teriam que virar a cabeça e saber o que de fato acontece atrás deles. A ilusão tem um poder inalcansavel. Quanto aos presos dentro da caverna, a situação é desafiadora e muito confortante. Já se acostumaram, pois desde sempre viveram daquele jeito e ali se sentem seguros então pleitam em ser desacorrentados.
Nós homens contemporâneos estamos vivendo o mesmo contexto, o que nos difere é que não vemos as correntes presas em nós, mas elas existem. É simples conseguir enxergar isso, estamos unidos as coisas fáceis e que nos propõe certa comodidade. Nos acostumamos com o artificial.
Vivemos em um mundo de aparências, desse modo, podemos nos ver refletido a imagem dos homens  na caverna. É mais fácil o "acostumar-se" com o mundo que desde sempre conhecemos, ainda que de aparência, do que lutar bravamente na renuncia de toda ilusão.
Nietzsche vem atentar que tudo que é ilusão se entendermos que não existe nenhum refúgio lógico, ou melhor, possível. O homem sempre suportou a ilusão para continuar arrastando a vida. É importante portanto aprender a assumir o mundo das aparências. Nada tem que nos conceder segurança se é isso que buscamos incessantemente. O valor está em saber viver nesse mundo cheio de representações.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Método humano

Um dia a gente precisa ser gente e tomar nota de que somos humanos. Precisaremos de afetos, comida, casa e roupa lavada. Mas por enquanto, as coisas sem compromissos estão valendo e o ticket refeição é uma boa.
Por hora, não somos gente. Menos ainda humano. Estamos tratando do paradoxo do futilmente ser e do relativo estar. Se é bom: somos, caso ao contrário apenas estamos. Uma hora viramos o jogo. Não há nada de surpreendente nisso e nenhum psicanalista poderá assim julgar fato notório.
A relação pessoa, homem, animal. Ah! esses animais. Deve ser entendida como o tédio da matéria menos favorita de um Ensino Médio tenso e um amadurecimento tosco. Cobranças demais, oportunidades demais e sentimentalismos demais. Ou não! Cobra-se apenas daquilo que nos trará algum proveito. Oportunizam o básico, fácil e rápido; e, dão sentimentos em forma de barganhas, as coisas vãs e suas filosofias ideologicamente de corrupção mental.
Vamos ao ponto: um dia a gente aprende a ser gente. E se alguém disser que assim já é, suspirar e tornar-se estático. Não ria da (des)humanidade alheia, é falta de compaixão e talvez ouça um tratado de  palavras impróprias do julgo, ser humano que vos fala, ou algumas lágrimas vão rolar...
Notemos que não estamos pronto e nos permeamos ao ofício de inconstância, vulnerabilidade e bipolarismo de um diagnóstico próprio. Sempre que possível (e assim se é de fato) mudamos em busca de um ajuste a nossa imperfeição.
Enquanto isso, vamos nos alimentando do outro em suas terapias pós-traumáticas (que já é de termos nascidos); daquele enfadonho ensaio filológico; das comidas e seus nutrimentos paralisados em uma tabela do guia nutricional de uma revista barata e de boa forma.
Deixe de lado a psicologia pessoal, essa causa transtorno e lágrimas; não atente ao que nos promova a superação e coma um animal morto em um abate estúpido e sem noção (não faça isso ou a vaca se tornará sua inimiga, assim como um ativista vegetariano e também eu).
Dane-se o mundo. Vire as costas para os necessitados de um pão ou simplesmente um abraço. E por fim, esqueça de que é mortal. Uma hora a casa cai e buscaremos outras farmácias psicossomáticas. Nunca o processo de se humanizar!
Ser dói, dá trabalho e não é para qualquer um. Por isso, permaneça quem está sendo e não se preocupe com o tempo, esse que só tem nos comido e não agradece depois de satisfeito.


Parágrafo Único: Ser gente é para ontem, não para depois de amanhã. Portanto, go people. É hora de sairmos do casulo e viver.

sábado, 5 de março de 2011

Qual é o Valor da sua Felicidade?

Observando a forma padrão de se viver bem hoje, pra nossa sociedade a palavra bem "associa-se" a prazer, dinheiro, tempo. Então é fácil concluir que uma grande porcentagem dos brasileiros são infelizes.
Precisa-se trabalhar, onde não sobra tempo pra muita coisa, o esforço do trabalho nem sempre contribui em pagar as contas e sobrar dinheiro para o prazer.
Com essa forma de viver somos conduzidos em buscar incansavelmente pela felicidade. Se o carro não está mais no auge da moda, é necessário adquirir um melhor; o casamento é um contrato, é eterno enquanto dure, não é a duração da vida, mas do prazer; se não se consegue resolver os problemas, o álcool, a droga, talvez a prostituição proporcionem o esquecimento, pelo menos por algum momento.
Só que na verdade o que as pessoas menos imaginam é que essa busca da felicidade em lugares tão longe se encontra tão perto, dentro de cada um. Ela não exige status, somente o encontro consigo mesmo, e o encontro com alguém que faça o coração bater mais forte é só a própria felicidade somada à do outro. Aí sim pode-se dizer que é feliz, a não ser que queira passar a vida toda como uma incógnita.
[...] Não tenho tempo algum, ser feliz me consome! (Adélia Prado)
Assim talvez, tivéssemos que parar no tempo e refletir os nossos verdadeiros valores. Onde estamos colocando as vírgulas e os ponto-finais de cada etapa de nossa vida. A humanidade precisa compreender que nem tudo é como planejamos, pois estamos submetidos a pressão do tempo e do espaço, esses que por sua vez, não pode ser corrompido pelas nossas inseguranças. Por isso a importância de aderirmos aos poucos, o formato que a vida tem.
Claro, os prazeres que alguns instantes ou algumas coisas nos proporcionam, são essenciais para a construção do nosso ego, e isso é muito importante. Mas temos que ter a consciência de que nada pressupõe a nossa capacidade de sermos livres de fato dos meios terrenos. Não digo em sentido moral da coisa, mas que se soltos pelo mundo, sem nada nos prendendo, poderíamos mudar o mundo, pelo menos o nosso e dos que estão ao nosso lado. Mas decidimos nos privar pelo mais fácil e mais gostoso. Com isso, nos tornamos seres que não superamos a nós mesmo e isso é o cúmulo do absurdo da vida humana.
O homem que não superar-se a si mesmo não é digno de ser chamado homem. Cada passo nosso, submete-se apenas a um lugar: ao monte das escolhas. E de lá, saíram pessoas do mundo, pára o mundo.

Que essas palavras, unidas sejam o essencial para a superação de nossa geração.


Mafiado com Nãna.

O grande dia

Pode ser aquele em que se pode acordar de fato tarde e não ter as preocupações corriqueiras do dia-a-dia. De poder sentir o corpo preso ao lençol e sentir-se bem.
O grande pode ser aquele que você simplesmente se olha no espelho e acredita estar tudo ok com a sua aparência. É sim, seu cabelo parece brilhar mais que o normal e seu sorriso nem é tão amarelo assim. Ah, nesse dia seus olhos também irão sorrir.
Magicamente, como que o dia de uma conquista surpreendente, ou simplesmente um acaso bom. de uma coisa que possa nos acontecer sem nenhuma pretensão.
Nesses dias haverão muitas surpresas, mas das boas. E você até vai acreditar que o mundo de alguma forma conspira a seu favor.
Será o espetáculo da vida acontecendo de fato. O dia da benção para quem crer ou o dia da sorte para quem trabalha com ela. Poderá se qustionar os signos e tudo que nos é favorável descrito pelos astros vai nos acometer deuma maneira insondável.
E toda essa mágica envolvente estará não só nas ruas por onde passar, nas casas que visitar. Essa mágica, vai estar dentro de você realizando milagres para quem crer e para quem duvida. Nesse dia, nem religião nem ceita, apenas fé.
Teremos a oportunidade de sermos quem somos. Sem nossos medos. sem nossas tramas e sem nada de aquilo que produzimos de errado. será o dia dos ajustes. O momento exato de um redemoinho de fantasias vindas à tona. O exato instante em que nos será reservado a nossas utopias.
Será decididamente O grande dia. O dia das revelações, o dia onde não haverão julgamentos pré-conceituados nem palavras de grandes ofensas. Será o seu dia, talvez o meu.. quem sabe até o nosso dia. Mas decididamente será um dia de grandes mutações.
Será o agora presente no espaço. É assim. O grande dia nos reserva a fatalidade da vida e só experimentaremos tais façanhas quando estivermos prontos, pois até lá ainda há muita obra a ser contruida. Um brinde a quem sonha com o grande dia. E se você é um utópico de carteirinha. Bem vindo ao clube. Sonhos, mesmos aqueles distantes de acontecerem tornam noassas buscas mais intensas, mas claro, quando se sabe sonhar.
Sonhos foram feitos pra sonhar. Se fossem pra se tornar reais, seriam apenas realidade. Mas além de tudo, é importante saber que todo dia pode ser um grande dia e que sonhos vão e vem, mas o presente não tem esse nome a toa.
Um bom grande dia a todos. E isso é muito particular e intransferível.


Mafiado com Renata Cundari.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Coisas pequenas de grandes desajustes

O medo de perder se igualará ao pressuposto temor da morte, velada ou escancarada, ou melhor dizendo, a fatalidade de deixar morrer. Terá que se enterrar, a si mesmo ou a outros, outras, aquilo, isso e seja lá o que for, tem que haver os desajustes da separação.
Valerá a velação, a prosa desconexa com um pingo de café preto, sufocados com a mórbida fumaça de um cigarro filtro longo. Tem que haver o arranjo floral de adentrar a alternativa de corpos se unindo a terra. E por falar em alternativas, falaremos de alternâncias.
Hora ou outra não se terá a obtenção do tempo que favoravelmente brisou com riscos nosso corpo, sofrido pela escolha do envelhecimento. A angústia será suprema, quando findarmos no verdadeiro contato entre o sagrado e o metafisico, desunidos pelo gosto amargo da discordância de querermos sermos maiores, estarmos por cima da carne podrificado em um gesto intitulável humano.
Não importará quem foi Deus, Khrisna ou Buda. Menos ainda os feitos de Ghandi, Dalai Lama, Trótski ou Chico Buarque em sua temerável pedra na Jeny. O texto solto se voltará contra cada um de maneira particular. As lacunas serão preenchidas por dizeres incoerentes, aptos de ilusão e metáforas.
Caberá aos jovens, todo o sabor de rebeldia não mais suprimidas por terapias psicossocializadas e aos velhos a poesia de um livro sabiamente relatados por retalhos da vida, mesmo que o contexto seja o mesmo, mas separados pelo julgamento irracional das coisas terrenas.
O tempo consumirá os afetos e esmagará os sonhos, transformando-os em corações sensivelmente antropológicos em questões de carne. Pedaço desconjunto expresso pela liberdade poética dos tempos e tempos. O que mais causará sofrimento, é a coisa simples dos encontros e despedidas. Perdões e culpas, serão encontros extintos de toda a dramaturgia talhada a sangue e suor. Juntas, no compasso da música que menos se gosta. Temperal e insolúvel.
O Rock voltará a se enterrar junto a suas raízes. Bossa nova tornará a ser a grande novidade e a cristificação voltará aos livros históricos para serem contados para simplesmente poupar o mundo de presunções ditatoriais. Findará mais uma vez o que foi capaz de mover as sociedades e seus deuses de embustes.
A verdadeira falsa paz colocará de fato os pés nessa querida terra de Santa Cruz e a não vida, os não comportamentos e as formalidades morais, caíram como que se profetizadas por anciãos de seus lá vinte e poucos anos.
O que salvará a contemporaneidade, serão os desafetos conosco mesmos, o que nos proporcionará um último êxtase particular. E tornaremos menos mortos a medida em que nos encaminharmos ao processo de cristalização.

O travestimento das sensações

Sonhos, representações fantasmagóricas de uma falsa realidade, ou simplesmente impostas por sensações transmutadas numa realidade transvestidas. O homem é assim, capaz de se tornar pequeno diante a pensamentos, que por meio de falsas realidades, se entregar. Mas a grande lógica do jogo proposto pelo presente aforismo é o sonho do lado de fora, que acontece por meio das sensibilidades impostas por nossas nostalgias fracassadas.

“Sonho com um amor em que duas pessoas compartilham uma paixão de
buscar juntas uma verdade mais elevada. Talvez não devesse chamá-lo
de amor. Talvez seu nome ideal seja amizade.” (Friedrich Nietzsche)

Idealizar consiste um processo natural ao qual qualquer ser que consciente ou inconscientemente pense tem para continuar a se mover. O temível é quando nossos “falsos” idealismos pressupõe a capacidade de sermos aquilo que está ao nosso alcance. Claro, devemos nos superar a cada novo instante, que nos é oferecido uma única vez. Não acredito que ainda dá tempo para consertar o que precisa ser consertado. O que nos é permitido, é continuar a partir de onde paramos e superar o que ontem deu errado, para que amanhã, que não passa de uma ilusão, não nos aborrecemos mais uma vez com o que até aqui conseguimos produzir.

“Eu tinha medo do seu medo
do que eu faço
Medo de cair no laço
que você preparou
Eu tinha medo de ter que dormir mais cedo
numa cama que eu não gosto só porque você mandou...”
(Rockixe – Raul Seixas)

O fracasso nesse instante, é indispensável na vida do animal humano. Se define como aquele que não conseguiu atingir seu objetivo, o que não necessariamente é o essencial para se sentir o pior de todos, como erroneamente a má interpretação da palavra dita, seja capaz de transpor-se a incapacidade de ser gente. Portanto, fracasso deve ser entendida como um novo ponto de partida a partir daquilo que não conseguimos continuar. Não como um ponto final e colocarmos debaixo da mesa.

Precisa-se de seres travestidos, não coisas bizarras andando por aí com cara de que acabei de nascer de um mundo de fantasias, mas saber que somos capazes de criar mutações humanamente aceitáveis para se manter vivo. Quem não cria, mesmo que pouco, não será capaz de sobreviver ao processo conceitual do dia-a-dia.

Hora da montação do espetáculo, e de amontoar-se sobre os medos pré concebidos pelos que estão dentro e fora de nós. Transvestir-nos com o lado A e B da moeda e entregar-se não menos que sentimentos sinceros. Fantasias são boas quando não usurpam a nossa verdadeira capacidade de sermos nós em carne e osso.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Aos (de)sociáveis da rede

Tem gente achando que internet é bagunça e não é de hoje. Um meio tão importante e criado para buscas instantâneas, contatos imediatos e afins é nada mais nada menos que alvo de toda porcaria que a humanidade tem produzido (talvez esse blog seja uma dessas porcarias). Acredito nas pessoas de bem que ainda usufruem, repito: pessoas de bem que ainda usufruem desse beneficio para trabalho, contatos, conhecimentos... para coisas positivas. Ok! Pode-se tentar achar um namorado, já que decidiram não ter uma vida além daqui, talvez uma hora dessas a gente se tromba por ai. Namoro virtual me assustam. Viu amigos? Deixem de caçar um pouquinho e vamos aprender e usar esse meio como um babaca, hum: não passa de babaquice, claro!
O grande problema está nas redes sociais (ou indissociável, porque olha, está tensa as coisas por aqui. Muita gente se achando dona das verdades. Das suas verdades e mentiras para mim, tu, ele... nós) onde tem uma fulanagem cheia de egocentrismo. Pois é meus caros, a mídia social foi invadida pelo que eu diria de idiotas do asfalto e tem se tornado o palco do umbigo pessoal e intocável. Ah! Estou nem aí, o perfil é meu.
Os mais desaforados. Esses mesmo como dono da verdade absoluta tem a capacidade de dizer essa barbárie: o perfil é meu e eu posto o que eu quiser. Blá, blá, blá. Como? E que escrever um livro e nos vender? É, o perfil tem seu nome, algumas coisas que talvez de fato você goste. Até que no quem sou eu você se descreve bem. Ele é seu e de mais de milhões de pessoas que se conectam em suas casas, lan houses, serviços e seja lá onde for. O perfil que carrega o seu nome é meu também. Ora, não chamamos isso tudo de redes sociais? Algo que liga, conecta e torna a coisa una. Olha, parece até bíblico (ri alto)! Brincadeiras a parte, venho te dizer caro amigo (ou não): antes de postar alguma coisa que eleve sua total falta de noção, pense que seu perfil é público e sendo público você tem o direito de se expressar, mas jamais de (usaremos a hashtag, só para salientar o que mais tem acontecido) #ridicularizar ninguém. Tem algum problema ou desavenças com alguém? Resolva pessoalmente. É mais bonito que indireta. Se bem que esse texto é cheio de indiretas. E vou dizendo: quero seu livro para te humilhar. É assim que você gosta de fazer com as pessoas e ninguém é de ferro, bem, penso que não.
Que as redes (in)sociais não nos mate em cento e quarenta caracteres e que nenhum ser mortal e pecador nos pendure em uma cruz pelo fato do nosso alter ego (o outro eu) profanico de ser. Síndrome de Gabriela? Talvez: eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim... Balela! Meu lado paradoxal grita: "Não gosta do que escrevo? Não leia!*)


*Camila Jam em Nome Próprio

terça-feira, 1 de março de 2011

O lado subversivo do Mundo

O Mundo hoje foi requerer ao seu Criador o poder de todas as coisas. Questionar o que foi-lhe foi conferido antes mesmo de seu planejamento e por fim a uma angústia que os viventes em seu útero tem lhe causado com tanta mesquinharia e hipocrisia. O Mundo assumiu seu lado humano e pôs se a caminhar até aos montes inconscientes de suas anedotas. Dos contos escritos pela madrugada fria e sem brilho.No caminho, teve encontros surpreendentes com seres que nem mesmo ele sábia que existia em seu subsolo emocional. Foi ficando extasiado com o fantástico Mundo que ele não conhecerá. Mas, estava decidido a chegar ao ponto inicial de onde tudo começou. Não queria se desviar pelo caminho.
Talvez o Mundo se esquecerá quão longe seria sua peregrinação, o que fora essencial para não desistir de seus planos. Deu-se ao entendimento de sua humanidade esculpida em retalhos continentais. Eis o Mundo amado por toda a conspiração cósmica. Sustentada por mazelas inspiradas em grandes contos, pode-se ler a mais trágica e bela história de toda a humanidade.
Pensamentos ofuscavam a mente do Homem Mundo. Esse ser intelectualmente ilegível por questões filosóficas jamais discernidas e menos ainda digeridas por pensamentos humanos-humanos. O Mundo por hora chega-se a conclusão de busca de respostas as suas próprias questões. É chegada a hora de revelar-se a Ele mesmo de onde veio, para que veio e para onde vai. Não estava feliz em saber que veio de algo talvez imutável e que ele transforma-se na maior mutação já conhecida em todas as bocas. O Mundo não estava satisfeito com o fim já profetizado sobre Ele.
Caminhante, o Mundo estava atrás de explicações para suas sinas, tanto dolorosas, tantas por mero governabilismo. E as respostas que ia tendo no percurso, era que o melhor seria se render facilmente, já que notava-se uma ausência de personalidades própria. Efeitos causado por transgressões alheias, que por tempo suficiente, foram capazes de menosprezar que era Ele de verdade. O Mundo estava prestes a dar meia volta e adentrar-se novamente a uma Galaxia Fria e distante. Não fora o acaso, que Ele ouviu-se gritar por um nome que não era o Dele, mas que só podia ser para Ele, já que não havia ninguém naquela estrada. Pelo menos não até a segundos atrás.
O Mundo deu meia volta e viu algo que nunca tinha visto antes em sua existência. Era algo belo. Um tanto cansado pelos sinais demonstrados pela face, mas belo e jovem. Um ser que tivera o chamado de Terra. Nome jamais pronunciado antes.Terra? Ficou pensando o Mundo. O que seria? E antes mesmo de completar com suas indagações, o rapaz a quem estivera agora frente a frente, pôs se o dedo em direção ao Mundo, que o acompanho para tocar-lhes os dedos. E assim, o Mundo Terra, pode-se perceber em frente a um objeto que o refletia.
O Mundo compreendeu que o que chamara, foram seus instintos. E o que viu, foi o suficiente para entender que o seu questionamento deveria mesmo começar dentro de si e que as respostas só seriam encontradas a partir dele mesmo.
O espelho reflete o que somos na dimensão daquilo que nos transformamos.