segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Minha caixa de giz de cera


O que nos resta para livrar-se de toda a maldade inconsciente é tornar-se transgressor de sua própria arte. Não interessa o material posto a mesa. Poucas coisas valem a pena, o que importa é encontrar um prazer inesgotável. Não ter medo de transcorrer a obra a qual somos chamados a desenvolver.
Pegar-se-á a pequena caixa de giz de cera e torna-lá um pecado mortal. Desenhar em suas paredes. Escrever anedotas. Desenvolver sonhos. Dar vida a manifestação imprópria que somos. Bailar, correr, gritar. O que vale é a expressão submetida a anseios de uma eternidade presente. Precisamos mandar para longe autoridades que impusemos por medo de se tornar livre.
Existe um momento que transcorre da nossa imaginação à nossa ação. Tem que se tirar qualquer barreira que impede a junção das duas coisas e deixar-se esvaziar-se tudo. Deixar que elas se encontrem e transbordem até um ponto onde não podemos mais suportar e entregar-se como que num passo de morte, afim de se viver a experiência da Criação.


Dê-me um pedaço de carvão e lhe farei um quadro, pois tudo na arte
vem do sacrifício e da determinação. (Francisco Goya)

Tudo o que nos foi dado com certa astúcia moral, deve-se apenas ser levada em consideração quando não se quer viver. Quando não se a força de ser quem se é e se alimentar de nostálgias que não são suas.
Tornar-se criador é tornar-se imoral no ponto de vista que muito se perde por certos princípios ideológicos criados simplesmente para quem o criou. Imitação perfeita é história de quem não sabe o que ter vida própria. De quem não ousou ousar.

Se alimentar de sonhos alheios é atestado de incapacidade. Tornar-se sonhador dos próprios sonhos é superação de valores inquestionáveis.
Temos em nós uma miséria de coisas mal resolvidas que nos foi dada partir do momento em que se acreditava no processo criativo individual.

Não somos textos prontos. Devemos ter a consciência de que somos frases, cheio de vírgulas, vulneráveis a mudanças quase que constantes, dentro de um eterno processo de inconstantibilidade. Não podemos abrir mão do que somos nós, para o desenrolar de plano fatídico do outro. O que podemos é unir, mas nunca se deixar usurpar da individualidade.
Portanto, risque o muro intelectual herdado pelos nossos méritos. Cante e dance as estranhezas que só sua imaginação é capaz de criar e que não interessa a ninguém além de você entender. A compreensão de nós não se dará fora de nós. O outro não tem o direito de intervir em seus projetos. Volto a repetir. Podemos apenas compartilhar as idéias, mas nunca, em momento algum, deixar-se que a obra incompleta desenvolvida por você, seja completada por um ser que também deve estar comprometido em concluir a sua própria obra. O que existe é apenas um encontro. O que não nos torna portador de vidas alheias. Somos seres livres de máculas alheias, mas rabiscados com nossa fantástica caixa de giz de cera.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Permita-se a solidão do tempo subversivo

Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas... Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia...” (Friedrich Nietzsche)

O homem contemporâneo sucumbiu-se num terrível lamaçal de afetos prodigiosamente imperfeitos e cheios de máculas subversivas, capaz de aceitar de qualquer pessoa, não menos que aforismos constituídos em regenerados sentimentos de pena.
A solidão, processo de desertificação é o medo de quem tem alguma pretensão em viver. As dependências, tornam o homem seguros fora de si e remete a entregar ao outro, toda a nossa incapacidade de sermos livres.
Acomodações fáceis e pessoas de plástico tem se tornado cada vez mais procurado na grande loteria de uma vida corriqueira e menos afetuosa, onde o que importa é estar envolvida. Não se tem mais o valor de um processo criativo. Não se inventa e nada se transforma. Tudo é aceito como prêmio, num promisso gesto de barganha.
Talvez, a grande culpa seja de um sistema massacrante onde temos que recorrer a qualquer ser que ande sobre duas pernas. Ou então, a nossa insuficiência de nós mesmos, que nos torna inseguros diante a uma resposta de que é necessário permanecer sozinho. Não somos pretensiosos quando a vida cobra de nós um minuto com ela. Não damos tempo ao nosso tempo. Sempre estamos preocupados com o que o outro pensa acerca de nós e transformamo-nos em marionetes das fantasias dos outros.
Precisamos voltar a quem eramos. Voltar a traz dos nossos sonhos. Recorrer em buscar as nossas matérias orgânicas e se afastar do erro que é estar sempre cercado de um mundo que não seja o nosso. Trabalhar com o que temos, para transformar o que somos e o que seremos.
Em volta a História da Humanidade, pessoas de carne e osso puderam experimentar de maneira não muito solitária a solidão, mas o que foi fundamental para alegar uma tal felicidade pressuposta de bem estar.
Se repararmos, podemos observar que os solitários de outrora não tiveram finais de contos de fadas, mas encontraram na solidão, uma metamorfose, uma metáfora, uma vida que de fato eram suas. Jesus de Nazaré, o homem subiu ao monte, foi tentado por seus medos, tornou-se um grande conselheiro a ponto de girar todo um mundo a torno de sua pessoa. Talvez o seu final não seja o desejado por pensamentos mesquinhos de hoje, mas foi salvífico para a sua própria história.
Talvez seguindo a esse fato, vem toda uma geração a exemplo dos Monges do Deserto e outros grandes espiritualistas que entregaram suas vidas em solidão, o que não nos dá uma certeza de felicidade, mas demonstra uma satisfação única, que só quem a experimentou pode dizer.
Outra grande cabeça de um mundo moderno foi Friedrich Nietzsche, que viveu de uma maneira controversa, mas que encontrou na solidão grande aliado para suas anedotas particulares e fantásticos ensinamentos para um mundo pós-moderno. O que o levou a morrer louco, mas intimamente ligado a ele mesmo e a seus valores, longe de qualquer moralismo e pretensões, que o diferencia de muitos, que era o sobrenatural.
O estar sozinho, não é estar abandonado. É algo que vai além, que só é possível quando temos a coragem de nos desafiar a deixar certas convicções para viver quem se é de verdade. O momento mais extasiante de qualquer encontro com as próprias misérias, é o que terminará com o que até aqui foi arrastado com a barriga, dando espaço a sensações e desprazeres contínuos, pois vivemos em inconstâncias não aceitas para a maquina chamada amizades de botequim.
Se de fatos defendemos sermos seres livres, devemos fazer com que isso aconteça. O que até agora foi dito por ditadores da consciência não está perto de ser digno nem de longe a verdadeira fórmula de um sucesso psíquico, físico, moral ou seja lá o que for. A supremacia de qualquer abandono, esse sim, tornará cada pensante um ser livre para viver o que de fato chamamos de vida.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Devolva-me o direito de ser criança

Precisávamos apenas a voltar a ter sonhos como de uma criança. Se nossos atos fossem menos maliciosos, talvez ainda teríamos um bom motivo aparente de acreditar no mundo em que vivemos, desde os tempos da imaginação, dos doces e das brincadeiras.
O tempo passou, tivemos que nos acostumar com a idéia fútil de que daqui pra frente, a coisa tem que ser séria. Organizar os sentimentos e reprimir toda a forma desajustada de viver a vida.
Não podemos mais. Qualquer instante de ingenuidade é perca de tempo. Nos coloca para traz.
Um coração imaturo, não cabe as grandes concepções de uma vida de gente grande.


"Todas as pessoas grandes já foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso." (O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)


Não se tem mais o direito de pensar pequeno. O que importa são as grandes ambições. A brincadeira agora é a de fazer dinheiro.
Constituir uma família é importante e muito bom, mas é preciso deixar de lado todas as longas horas que se passava penteando os cabelos da boneca preferida, ou o título de mãe imatura, que não tem capacidade de cuidar do próprio filho.
Os carrinhos nos foram tirados. Só nos restaram os que desde sempre forma apenas para coleções.
Nossa insondável caixa de brinquedos. Repletos de nossos tesouros, é esquecida propositalmente do lado de fora do portão de nossa casa. Estamos sendo enviados a um internato. Deveremos obedecer regras mais rígidas. A ordem que se escutaremos agora nesse novo quartel será de que não temos mais tempo para brincadeiras.
Não recordaremos mais o nome do amiguinho da esquina de nossas casas. Não seremos mais pertubados pela garota de vestido rosa. Não trocaremos mais socos com o briguentinho do outro lado da rua. Eles apenas foram virar adultos.
A palavra sonho é proibida. Sonhar também. Não se pode dar tempo a esses eventos que nossas razões mentais não se tem como certas. Dizem que eles deixaram de existir quando tivemos que enfrentar o primeiro curso profissionalizante.
Nos tornamos a partir de então, amigos de pessoas passageiras. De situações passageiras. De personalidades passageiras.
Aumentaram-se os números. O que antes eram possíveis contar com as duas pequenas mãos, devem ser medidos por aparelhos eletrônicos. Penso que tudo seja culpa da digitalização, ou não. Mas que tudo passou a girar entorno de teclas é verdade. Afastou-nos das nossas imaginações.
Tentaram me surpreender com o fato de que Papai Noel não existira. Acredito eu que pensaram que com a dor seria mais fácil de querer mudar de cabeça, pensar de uma forma "madura". Enganaram-se, pois desde sempre eu não mantinha certo contato com esse homem cristificado de bom velhinho.
Até tentaram me aterrorizar com o fato de ter obrigações. Esqueceram que desde pequenos somos submetidos a alguma forma de tarefa. Se não as cumprisse, passaríamos algum momento de castigo em um canto qualquer, ou outra situação que hora ou outra, só tornou mais forte em nós que as crianças que tem razão, pois ganhamos a atenção, mesmo que indevidamente dos olhos adultos que se esquecem de como é que a vida funciona. De afetos.
A unica coisa que talvez nos cause um certo frisson, capaz de nos colocar a beira de um precipício, é o fato de não podermos mais brincar.
Como assim? Só podem estar ficando loucos!
Tudo o que aprendemos até agora foi através das brincadeiras. Não se é fácil partilhar com outros os seus brinquedos. Aprendemos meio que até na força, mas está aí. Aprendemos!
Dialogar então? Coisa mais difícil de se fazer quando só se pensa em chorar, gritar, espernear.
Não, esse povo que se julga maduro não sabe de nada.
Talvez compreendamos agora, o motivo pelo qual éramos retirados, sem nosso consentimento do meio da roda tão subitamente. Já nos ensinavam a fugir quando a felicidade estivesse presente.
O que essas situações nos passam a vontade de manter-se isolado do mundo. Tristes chorando por algo que não existe. Nesses momentos, colocavam-nos dentro do quarto com o monstro, sabe se lá qual é.
Tudo nos é tirado. Nada nos resta. Só a incapacidade de sermos que de verdade somos.
A educação que tivemos quando crianças permanecerão, mas teremos que  juntar com um punhado de mesquinhez.
Os padrões pré estabelecidos que nos restam quando tomamos consciência de vida adulta, é reprimida apenas em ser adulto. Não existe mais criatividade.
Os sorrisos se tornam forjados. As gargalhadas só se seguem quanto manipulados por qualquer vinho tinto vagabundo. Isso tem mais valor que uma ciranda cantada em coro.
O riso solto se condensou a uma mísera conversa de botequim. A unica preocupação se torna em sobreviver, pois manter-se a salvo é coisa de gente grande.
Nos tiraram o direito de escolha. E o mais engraçado foi que fizeram isso com a maior falta de educação: não pediram por favor. Tiraram de nossas mãos e levaram.
Agora, o que conto aqui, só os amigos mais chegados sabem: nosso corpo mudou. As pernas se esticaram pretenciosamente. Surgiram dores. Estamos num processo de Adulteração. Não fomos feitos para isso. O processo vai continuar no processo, é como um caso que não terá solução.
O que vai nos manter vivos, é nossa capacidade de imaginação. Mesmo que fértil. É uma imaginação própria, livre de julgamentos. Ainda temos sonhos, independente do que digam. A nós eles ainda permanecem possíveis de acontecer. O nome de criança, permanece nessa fase. Não muda, assim também nossa imaturidade, continua a mesma, mas solidificada com os sonhos, obrigações e tudo que cerca a vida de gente grande.
É isso que nos assegura a capacidade de sermos crianças. Por isso digo: somos crianças, estamos adultos e voltaremos ao pó da vida como crianças, pura e sem máculas.

Procuro ser gente

 "Também somos ricos das nossas misérias" (Antoine de Saint-Exupéry)

Não se é, o que de fato se desejou.
Em algum momento, se percebe que tudo que foi produzido, foi entulhos. Ter como ponto de partido os desajustes, não sei, mas talvez seja a melhor forma de conseguir de fato uma mudança.
Enquanto nos percebemos intocáveis, banhados de uma pureza que não existe, nos depararemos com mentiras mal contadas. Coisa essas que nos transfigura a imagem de um processo em movimento uniforme, juntado com pequenos retalhos de lamaçal.
Reconhecer-se miserável. Saber que todos estão sujeitos as piores coisas do mundo e defrontar-se com o processo de desertificação.
Somos pessoas que gostamos de complicar tudo. Um simples erro é capaz de desmoronar o sonho que tivemos.
Temos que aprender a ser simples. Mesmo expostos ao que somos, temos que aprender a lidar com tudo isso. Não há outra maneira.
Escolher pela mudança, radical ou não. Reconhecer-se desfigurado diante do espelho subjetivo dos afetos que damos e recebemos, isso nos transporta para um lugar ao meio, que é capaz de nos torturar a ponto de lapidar a pedra preciosa que precisamos nos tornar.
O processo de lapidação, depende unica e exclusivamente de cada um.
Não se chega ao processo final, sem antes passar pelos ferimentos trazidos pela pouca humanidade que temos.
Talvez não tenhamos o tempo suficiente para entender o quanto somos miseráveis, mas temos o momento agora para viver a vida. Se errar, ainda há tempo para consertar.
Como recordo sempre, o que deve nos importar não é o livro pronto, sim os rascunhos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Seres transladados

"O tempo cura todas as feridas, mas as cicatrizes precisam de muitas vidas para desaparecer." (Zibia Gasparetto)


Não importa se acreditamos ou não de uma vida além dessa. Não nos interessam, ou não deveriam nos importar com o que se segue depois que nossos corpos deixarem de produzir qualquer forma de estranheza, pois manter-se de pé, sobre duas pernas é algo muito estranho.
É a forma em que vivemos, isso sim! É tudo mundo estranho. O que somos, para onde vamos, o que fazemos e no que nos transformamos é tão exagerado, que não cabe dentro de nossa vida.
Somos sujeitos metafísicos.
Poderiamos acreditar que nascemos a partir de um cisco, da poeira das estrelas, o que chamaríamos de quânticos. Mas isso, de fato não nos vale muito. O que importa é o que no presente nos gabamos a ilustrar.
Uma frase célebre ora dita por Fábio de Melo, ora por Eliane Brum e que eu achava que era minha, descreve muito bem o pensamento que proponho: "Para viver, o que nos interessa não são os pontos finais, mas as vírgulas." 
Somos seres que precisamos nos amar. Amar, e amar!
Não devemos ter medo da vida que temos. Ela é quase que unica. É pessoal e intransferível.


"Se aceitarem um conselho: corram dessas vidas de photoshop. Elas não existem." (Eliane Brum)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

De dentro para fora

Os sentimentos andam ocupados demais para dar atenção fora de si.
A conversa é condensada em uma lata de assuntos prontos. Os aforismos são pedaços guardados de prosas já escritas.
Não se inventa mais um diálogo. Não se cria uma nova forma de debate. Tudo é muito parecido.
São os mortos que ainda vivem.
Servem apenas para ocupar um espaço no tempo, mas não significam mais nada.
Nos tornamos fachadas subaltenas. Não trocamos mais experiências, apenas afetos feridos pelas situações da vida.
O momento é delicado. Pede a atenção quase que pessoal e impessoal. Precisa-se estar atento dentro e fora de nós.
Alternando entre as nossas carências e a falta de compreensão dos outros, assim também ao contrário.
As pessoas são muito indiferentes ao que passamos, mas nós também somos assim com os outros.
Mas uma coisa é certa: isso não é novidade do mundo moderno. É uma coisa com a qual se nasceu assim, a unica diferença é que agora expomos nosso egocentrismo sem o medo do julgamento das pessoas.
Carência não é ruim. Egocentrismo menos ainda. Mas fazer com que tudo gire em torno de seus ganhos e fracassos já é demais.
De nada adiantara uma terapia se as nossas intenções não forem a de sermos diferentes. Digo diferente no sentido de que se você opta por uma ação assim, é porque deseja uma mudança.
O homem se ocupou demais em ser vítima. Talvez aquilo de que se humilhado vai ser grande depois possa ter subido a cabeça fraca da humanidade, que nos colocou a beira de precipícios que não existem. De negatividades intolerântes e pessimismos infundáveis.
Ora, é mais fácil vivermos a beira de um umbral e aceitar que a falsa fenomenologia fira nossos anseios, do que aceitar a racionalidade de trocar de papeis. Deixar de ser vítima. Assumir a divindade que cada um é.
Se somos feitos para sofrer, já que sofrer significa mudança, eu não sei. Acredito apenas no não conformismo. Se perde muito, quando se aceita tudo, tudo mesmo de mãos beijadas.
A vida sem sacrifícios, não é uma vida vivida ao limite. Essa sim, uma vida correndo riscos é a forma mais madura de se provar a vida e em liberdade.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mais de você não vou me orgulhar

Talvez só um misto de juventude e rebeldia para entender a forma que os terráqueos, não menos que um adulto, mais que um simples adolescente escolheram viver.
O problema é que esquecem que temos uma vida para viver, e querem viver por nós.
Tem hora, que o sufoco na vida de uma pessoa, vem suprimido por excessos de cuidados ou simplesmente o orgulho fraternal de não deixar o outro ser independente.
Estabelece aí, o cárcere psíquico, que é algo que não quero entrar em detalhe aqui, nem agora.
Pessoas que sentem-se com o poder de mandar e desmandar; deixar ou não... Somos obrigados a aprender a ser assim, ou não seremos orgulho de ninguém.
Precisamos nos libertar da casa que nos aprisiona, das mãos que dizem estar estendidas para quando precisarmos, mas que uma hora, não muito distante, se mostra cruel e mesquinha.
Claro, existem pessoas que se acostumaram com isso. Então dão se ao direito da subjetiva forma de roubo. Esse quando não temos mais forças para caminharmos com nossas pernas e aceitar as poucas migalhas de afeto.
Ser jovem é beber, se drogar e blá blá blá. Tentar adquirir habitos, mas que depois possam se transformar em ideologias. Mas também existem os que preferirão não participar do lado subversivo da juventude. Mudou a história. Fez diferente.
O que defendo é uma unica coisa: sendo ou não a pior das pessoas. Fazendo ou não uso de drogas ilícitas ou simplesmente optando por uma vida entregue a qualquer moralismo dogmático, ninguém é diferentemente estranho no ponto de vista que somos seres dotados de capacidades diferentes.
Não sei se de fato classe social, etnia, raça e afins são influências suficientes para se mistificar o homem que existe hoje.
Muita coisa mudou. Mas muita coisa encontra -se exatamente quanto aos sonhos antigos.
Assim como os patrimônios tombados por legislações antiquadas, as condições humanas permanecem fiéis as suas raízes. Capaz de atar com nós bem fortes, a fragilidade da pessoa contemporênea, mas que não vive a contemporâniedade.
O que torna as pessoas, vítimas de tudo isso que a novidade nos apresenta, é pensar e ser lembrado sempre de nunca esquecer suas raízes. Lembrar de onde veio. Os princípios que forma ensinados. É como se fosse uma troca de favores, eu te educo hoje e amanhã você honra o nome de nossa família.
Me desculpe, mas relacionar a vida sempre com essa estranha forma de se conservar os valores, não é mais que um medo de ter vida própria.
Novamente é importante ressaltar que o homem é um ser livre. E essa liberdade deve ser respeitada a partir do momento ideológico que só ele pode escrever para si.
Raízes, só é bom para plantas e derivados. Elas se comportam de maneira mais segura assim, mas nós, humanos dotados de um mínimo de singularidade não.
Precisamos romper com esses tipos de laços que nos aprisionam.
Família é uma porção de pessoas, que levará junto com você, uma coisa chamada sobrenome e alguns genes particulares. Nada além disso.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Que forma a gente tem

Acredito que o mínimo que somos é o caos.
Somos uma mistura infinita de sabores, cheiros e formatos.
Talvez essa seja a verdadeira forma de se tornar pessoa. As diferenças contidas nas garrafas da melhor bebida que podemos ser e podemos oferecer aos outros.
Esse ou aquele tem um gosto infindável de Vodka com refrigerante. O moço ali da esquina, cheia a um fumo bom, como se cheirasse a ervas pré-colidas em sua própria colina. E aquela rapariga tem uma forma tão redonda. É tudo tão cheio num corpo de menina mimada. Ela anda sozinha pela madruga, que forma mais besta de ser feliz.
Esse, aquele ou aquela. Isso, aquilo ou naquilo, somos os nossos eus, contidos na pessoa dos outros.
O pé de meia para o pé descalço não existe, mas aquece num momento frio.
A outra metade do coração, muitas vezes fundido num material muito vagabundo, vai servir apenas para enfeitar pescoços.
As infinitas cartas de amor, serviram apenas para ficar em caixas, no mínimo... Não quero ser chato, mas elas vão uma hora ou outra parar no lixo. Mas não se desespere, talvez lá, ela encontre com tantas outras cartas de amor, e possam viver aquilo que não fomos quanto escreventes.
A gente tem uma forma tão unica, mas também tão igual.
Nos tornamos comum quando nos deparamos que todo mundo é como a gente.
Os pensamentos são os mesmos, apenas muda a forma em que esses pensamentos são espalhados.
O fato é que ninguém é de ninguém, portanto se alguém achar as partes que deixamos cair, sejamos bondosos, e devolvamos aos devidos donos. Não fomos feitos para sermos incompletos, ao menos conosco mesmo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Imagem e semelhança

Se dizem que fui feito a Sua imagem e semelhança, deve ser pelo nosso grau de parentesco.
Sou filho, também irmão. Portanto, direitos iguais.
Não quero dialogar como um "herege", apenas contatar os fatores que nos remete a liberdade.
Qualquer má interpretação das Sagradas Escrituras causa um dano psicológico infundível. Já que era para ser uma Palavra de Libertação, se envolta a pequenez humana e o torna cárcere diante os fatores que não deveriam ser.
Por outro lado, se Ele, o Todo-Poderoso nos tornou a sua imagem e semelhança, é para que também pudéssemos sermos livres, sem os pesares subjugados livre-arbítrio, que nada mais é que uma forma de acorrentar-se aos "pecados".


"O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do 
que poderia obter com mil orações sem fazer nada." (Zaratustra)


Assim, talvez se perca muito tempo buscando explicações das quais nunca teremos. É mais fácil classificar tudo como Mistério, o que de certa maneira é, mas nos tornamos mesquinhos para alguns Doutores, que querem coibir a nossa vontade de questionar o intocável.
Calma aí. Somos seres dotados de capacidade lógica. Querendo ou não, qualquer ser que respira, anda com duas pernas, e recebe o título, como dizia Friedrich Nietzsche de animal humano, tem como principio a tudo, questionar.
Tolo é aquele que aceita a tudo como se fosse um simples recipiente.
Padre Fábio de Melo disse em um de seus discursos, até que bastante plausível, que o homem não é um terreno baldio, onde as pessoas tem o direito de vir e jogar seus lixos. Claro, essa afirmação, ou nem tanto assim, era referido a situações de afetos, mas podemos também usufruí-las de um modo mais amplo. Como por exemplo nas escolas, onde a situação educacional chegou a um ponto desesperante. Onde o que no máximo nosso povo em fase de educandos mostra um desprezo profundo pelas instituições; ou em nossa saúde, onde o atendimento é superficial e toda a análise é feita de forma mecânica e para mim muito falha; e no ponto ao qual centramos o assunto: a fé. Muitos dizem que só ela basta. Que experimentar o sobrenatural, de forma a prevalecer o mistério é suficiente, mas que me desculpa. Se os então fiéis, não tem direito de questionar, de querer ter respostas um pouco mais concretas, eu começo a duvidar que aí tem alguma coisa.
Sabemos que o que move o mundo são os questionamentos. Nem sempre teremos todas as respostas do mundo, mas temos que ter de qualquer maneira, a liberdade de questionar.


"Eu declarei: vós sois deuses, todos vós sois filhos do Altíssimo." (Salmo 82, 6)


Se não nos engana a Sagrada Escritura. Se foi o próprio Senhor quem inspirou homens a escrever tão majestral obra metafórica. Creio eu que independente de crença todos somos seus filhos. Mais ainda, penso que num sentido bossal que ser um "deus", assim mesmo, na minúscularidade da obra, significa algo abaixo do Ser-Supremo, mas algo acima do que a realidade humana pode nos oferecer. Ou seja, ser um "deus" é ser alguém que se supera.


"O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma 
corda por cima do abismo, perigosa travessia. Perigoso caminhar, 
perigoso olhar para trás, perigoso parar e tremer. O que é de grande valor no 
homem é o fato de ser uma ponte e não um fim, o que se pode amar no
 homem é ele ser uma passagem e um acabamento."
 (Assim Falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche)


É assim que funciona a coisa. Não aceitar menos que respostas sérias, palpáveis. Longe de qualquer moralidade, que é algo extremamente fora daquilo que então se seguiria a vida terrena.
Somos imagens e semelhança. Isso é o próprio Senhor que nos diz.
Ele nos escolheu como irmãos de Seu Filho, Jesus, o grande Super-Homem que existiu, ou que as crenças reproduziu.
Admiro-o hoje pelo fato de sua humanidade. Por conseguir colocar em prática, o que qualquer regra de boas maneiras nos pedem.
É claro, não precisa ser especial para ter convicções que para se viver bem, temos algumas regras de ouro. É como um manual de como se comportar a mesa, ou então, você se torna o prato principal.
O fato de Jesus ter "experimentado" uma vida igual a de todas as pessoas que eu conheci de verdade em minha vida, me aproxima de uma realidade além do que sobrenatualmente seria explicado.
Jesus para mim, é o que Nietzsche sempre procurou.  O que toda a razão humano se mistificou. E que toda soberba transmutou para mitologia.
Talvez experimentar essa verdade mais real de quem foi Jesus. Não digo deixar de lado o seu lado "santo", mas tentar observar em sua humanidade, que dá para ser homem de bem. Capaz de encarar a realidade como um pressuposto a trabalhar (batalhar) por aquilo que se acredita. E ir atrás de cada sonho despedaçado dentro de cada um de nós.
O altar que deve celebrar a representação homem de Jesus, é aquela produzida com suor próprio.
Fica fácil tornar um sacrifício as custas dos outros.
Bordar com os retalhos que a vida nos coloca, onde faremos a refeição diária é contemplar o Jesus que outrora, independente de ser ou não real, foi capaz de provar que humanidade significa humanidade, não imbecilidade diante os fatos que querem que acreditamos.
Jesus aparece para mim, como um dos maiores pensadores, que por conseguinte, se torna o mais questionar de toda a humanidade.
A experiência é de cada um. Mas a vida é a mesma.
Não importa nome, classe social, raça e principalmente a que apelo religioso se segue.
Se compreenderá um pouco mais nossa existência, quando deixarmos partir de nós, o medo que nos foram colocados.
Pare para pensar, se livre-arbítrio assusta, nos remete as contas futuras a acertar, não é algo que nos incita a liberdade.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Qual a cor da sua arte?

Sentado num lugar qualquer, diante de pessoas quaisquer, não sob a chave da indiferença, apenas rostos iluminados pela falsa idéia de luz, que nos devolvem a sensação do desconhecido, assim, conhecemos o outro, capaz de colocarmos diante da calamidade insegura do que nos tornamos.
Todos os poucos sonhos, nos dá um gosto amargo, mas que com um tanto de perspicaz, saboreamos, como se fosse a unica refeição do dia. O prato principal, talvez pareça a desilusão, e assim é. Mas juntados com o pouco de humanos que nos resta, é capaz de transformar e nos oferecer a casualidade.
A boca que sopra, o instrumento que retribui e toda a nostalgia que embala a combinação de tudo aquilo que não há entendimento. O soar estranho, entre os rangeres das palavras não soltas, dos verbos não colocados e das metáforas não construídas.
São palavras que não pensam - se é que elas tem essa capacidade racional - que se desprendem e dão o tom certo, e caracterizam as cores das melodia.
O que nos dá o ritmo, são as notas certas. O que nos proporciona um processo cognitivo, são as tintas, as cores...
A nossa vida, tem a cor que escolhemos para ela...
Somos os pintores, a tinta de toda a falsa moralidade... o que vale é criar.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Morte as sonoridades familiares

E o medo da contemporâniedade deveria ser a falta de afeto, mas esse sempre foi um ponto inquestionável, pois o homem sempre teve de aprender a lidar com as extranhezas envoltas dos egocentrismo subjetivos da história sarcástica de cada um.
Perceber-se dotado de diferenças faz com que o individuo perceba quão separado ele está do mundo que o cerca, e assim, não mais que assim, fique esperando boas receptividades daqueles que dividem o mesmo espaço no tempo e no seu coletivo.
O excesso de confiança ou a falta de preocupação, coloca-nos a par de que somos para nós e não para os outros. E rascunho isso numa visão bem distante de puro narcisismo. Não tenho pretensão alguma em colocar a amabilidade humana acima de nada nem de coisa alguma.
Aprender a viver é preciso. Saber onde se quer chegar, é indispensável. Deparar-se nos próprios erros e aprender com ele é o ponto cume da auto-aceitação e da supervalorização ao qual submetemo-nos a cada instante, freneticamente.
Caminhar, torna-se desconcertantemente necessário e obrigatório. Parar diante das limitações é tolice. Precisamos co-inibir a falta que fazemos a nós mesmos.
Experimente a vida. Aquela que escolheu viver.
Beba com os amigos; jante com a sua família; questione o desconhecido: viva os indecentes "por quês".
Queira as pessoas com você, mas lembre-se do direito que tem em continuar quando as vozes se embargarem - cante ao mundo que escolheu as suas loucas histórias.

Conheça-te a ti

Cada pessoa é responsável por seus pensamentos e ações.
Por vezes, exoneramos as nossas próprias limitações. Queremos responsabilizar outros.
As nossas fraquezas, de um modo inefável, transforma a nossa psíque em algo tenebrosamente maléfico.
Oras, precisamos aprender a viver com as nossas incapacidades de estar sempre corretos.
Não somos e não temos por obrigação de nos relacionar com ninguém de modo que se abstenha-se de si mesmo.
A procura pela satisfação é a prova concreta de quão dependentes nos tornamos do alheio.
Costuramos em nosso ser, a fantasia desenhada por outro.
Cobrir-se de metáforas, estar longe do que se é.
Muitos artigos científicos já demonstraram o roubo sutil de nossas capacidades mentais.
Quem foi que permitiu tudo isso?
Particularmente, acredito que a grande problemática é em permitir a entrada de estranhos em nossos territórios.
Tornamo-nos pacientes de médicos loucos. Terrenos desprovidos de mazelas, máculas e por assim dizer, lotados de lixos.
O homem tem que aprender a ser sozinho. Não de modo que se abstenha-se de uma vida social, mas que saiba tirar proveito da solidão.
Eu não acredito em uma pessoa que passa muito tempo acompanhado.
Pessoas que não experimentam a vida a um, não se conhece. E o que se pode esperar de alguém assim, são anedótas. Pequenos contos estéricamentes mal contados.
Querer saborear a solidão, deve ser como degustar o melhor de nós mesmos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vamos caretear

Peço licença a prosa com a qual deleito os meus olhos. Ao mestre das minhas leituras, Nietzsche, outorgo-me dirigir ao caso do encanto pela virtude.
Pois bem, recorro aos pensantes. Termo esse que usarei com aquele ao qual tem me tirado as palavras.
Pensante, quem te autorizou a tornar-se dentro dos meus pensamentos? Por um acaso lhe foi dado o direito de adentrar ao palco de minhas estréias e encenar ali, a sua prosa poética?
Não me recordo quando, nem mesmo o motivo. Fez do meu anfiteatro, o esconderijo dos seus planos um tanto quanto egoístas. Não me permitiu participar da arte ao qual estava sujeito a realizar. Colocou-me do lado de fora. Tive que me contentar como telespectador.
Ora, será o acaso responsável por tudo isso? Ou esse audacioso plano já se desenrolava sem saber quando apenas tínhamos um dose e meia da melhor bebida ao qual nos coube?
Não saber o que se sucede a cada passo na sua encenação, é de arrepiar. Nunca se sabe quando e nem como vai terminar tudo isso. Ou mesmo que rumo tomará o desenrolar desse estranho jeito de contar histórias.
Menino, tornou-se homem quando percebi que não podia te alcançar. Voltou a forma de criança no momento em que pensei ter aprendido alguma coisa. Relacionar com aquele que não diz de fato quem é, se tornou perigoso. Nenhum sistema de análise pode decifrar, quando se fala nos teus objetivos. Torno-me apenas aos casos mal resolvidos ao quais nos enfiamos.
Olhar nos olhos de alguém que decifra os seus pensamentos, se torna desconcertante.
Não é justo ficar do lado de cá, mas permanecerei. Quem sabe um dia desses, perceba que subornamos mutuamente o caráter do outro, para que pudéssemos enfim, escrever a nossa ficção-científica.
Tornas-te o meu pensante favorito!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Desertificando a lápide

O processo de lápide é constante no nosso dia-a-dia.
Não apenas o de enterrar alguém, mas o de cavarmos o nosso próprio sepulcro com grande capacidade de sermos humanos.
Hora ou outra, nos deparamos com a situação emergente que nos revela o buraco sob o qual estamos. Pior ainda, é quando permitimos que pessoas más intencionadas, nos afetem de maneira psicológica.
Pessoas são más, nem sempre elas pensam nos outros, mas as pessoas também são boas, sempre nos oferecem oportunidades de nos conhecer.
Tornar-se túmulo e receber a porcaria ao qual nos tornamos, ou ser a porcaria. Essa são as opções que nos são dedicadas. Mas devemos exigir uma terceira, aquela a qual nos coloca como seres mortais, mas que no final de tudo, não seremos um resto de lixo para superlotar as crateras de sonhos mal-sucedidos. De pessoas pessimistas...
Nem sempre estamos de bem com o mundo, fato. Ora ou outra, desejar o fim de tudo é cabível. Não somos masoquistas, ou não deveríamos ser com os nossos afetos.
O caso aqui é de simples compreensão, que tal vivermos a vida?
De maneira coerente é claro, mas viver.
Se preocupa muito com o lado de lá. Com as respostas que teremos que nos conformar em dar e a qual castigo seremos submetidos. As preocupações do além são vazias... Não deveriam existir. O processo ao qual nos remete a velórios constantes é exatamente esse: o de submeter a mentiras ideológicas criados para massificar uma idéia incábivel.
Permaneça do lado de dentro da lápide e mostre o quão miserável se tornou. E não venha com que os miseráveis conquistarão alguma coisa, pois não vai mesmo.
Coloque-se do lado de fora, a beira do buraco e observe o quão hipócrita se tornou. O tamanho da mentira que inventou. Ficar parado a beira do túmulo não significa muita coisa, só de que não foi capaz de cumprir os seus ambiciosos desejo de se tornar mais um lixo.
Não comece a construir o seu sepulcro. Se começar, termine. A unica coisa que importa, é o que depositara dentro dele. Lembro que o túmulo é seu, não queria colocar dentro dele outras pessoas.
Saberemos o quanto fomos homens, a medida com que soubermos viver cada momento de nossa existência. No caso contrário. Jogue-se no buraco que cavaste com as próprias mãos, e deixe os outros viverem.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Que passa por liberdade

A nossa liberdade não nos convém.
É claro que somos independentes, mas nem tão livres quanto pensamos ser. Ora somos escravos de alguém (no sentido menos complexo da palavra), ora de nossas razões e emoções.
Desvencilhar toda e qualquer forma de manipulação, torna-se incoerente na perspectiva de livre-arbítrio.
De fato, somos homens pré-dispostos a manter uma vida por nós mesmos? Ou nos acostumamos com a maneira corriqueira das coisas, onde tem sempre alguém por detrás de nós, responsável pelo suporte técnico dos nossos pesares?


"Vontade de conhecer a verdade" chamais vós, os mais sábios dentre os
sábios, àquilo que vos impeli e inflama? Vontade de que todo existente
possa ser pensado: assim chamo eu à vossa vontade! Quereis, primeiro,
tornar todo o existente possível de ser pensado; pois, com justa
desconfiança, duvidais de que já o seja, Mas ele deve submeter-se e dobrar-se
a vós! Assim quer a vossa vontade. Liso, deve tornar-se, e súdito do
espírito, como seu espelho e reflexo. (Assim falou Zaratustra, II,
 "Do superar si mesmo" F. Nietzsche)


Somos sujeitos que buscamos a verdade a todo momento. Mas até onde a verdade de fato o é? E a mentira contada por outro, será que não é verdade no seu mundo paralelo?
Assim também é o homem que tenta se superar, tornar-se de vanguarda. Ele usa e abusa dos seus direitos e esquece que o indivíduo ao seu lado, possui a mesma, não de forma maior nem menos, disponibilidades de direitos.
Tornaremos livres, somente quando a inteligência nos for presente. Quando formularmos as perguntas certas e cobrarmos respostas inteligentes.
Precisa-se de homens, não objetos, portanto, seres pensantes e não estagnáveis as escolhas alheias.
   
   "Tenho um medo horrível de que, um dia, me proclamem santo". (Ecce homo - F. Nietzsche)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Desembaraçando raízes

Romper com os vínculos fraternos. É o que propõe a cada mero mortal. Não dá para se manter atado por muito tempo a barra dos afetos distintivos oferecido pelo ócio das familiaridades.
Discordo dos pretensiosos que sempre alegam voltar as raízes. Acredito que saber de onde veio é importante, mas querer inovar é fundamental para quem quer manter-se vivo.
Não dá para querer continuar os planos de outrém. A vida acontece para cada um de maneira diferente.
Não temos que ser reflexo de ninguém, menos ainda querer ser imagem e semelhança. Sou do tipo de cara careta que quer fugir de laços familiares. Egocentrismo a parte, apenas vejo que os passos a serem trilhados são diferentes, ou então sua vida igual a tudo que se vê.
Fujo da singularidade, quebro a regra do jogo quanto diz respeito a sensibilidade do casulo ao qual estou submetido.
Fincar raízes, é coisa tola que todo mundo diz quando se percebe uma certa arrogância. De fato, criamos posturas semelhantes com aqueles que nos alimentaram, mas nunca somos iguais.
Pessoas que teimam em querer continuar um caráter que não é o seu de fato, denota falta de personalidade e muita incoerência ao fator natural quanto diz respeito ao ser que se supera.
Portanto, como são feitas em certas orações exorcistas por ai, eu também quero romper, mas com toda a influência familiar sobre minha vida. Que eu não esqueça de onde vim, mas que eu possa ser diferente, pois se permanecermos iguais por todas as gerações, seremos marionetes de um sistema familiar falido.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Amar é mudar a alma de casa (Mario Quintana)

A tempo buscamos fora de nossas paredes, as satisfações mais ponderáveis possíveis. Lançamos ao mundo nossos desejos subliminares e não o bastante, nos satisfazemos por meros acasos do destino.
Não nos preocupamos com o quanto nos apresentamos nas barganhas da vida, nem de que forma nos qualificamos diante as bagatelas de nossas entregas.
Esquecemos que a edificação começa em nós. Somos arquitetos de nossas desconjuntaras. Só a nós cabe botar ordem no que está bagunçado. Isso tudo não é tese primária de ninguém que tenta se (re)organizar. Muitos livros de auto-(depreciação)ajuda já alertou que devemos transformar o que somos para nós mesmos. Não se pode dar ao outro aquilo que não se tem. Muitos compreendem, mas só isso não basta.
O fator ponto em tudo quando se estabelece que tem que superar está em manter-se em adequação. Somos seres dotados de habilidades, mas esquecemos sempre que precisamos estar em ordem. Tão propícios ao relaxo, que não percebemos ao deixar cair sob nossos solos afetivos, um resquício de impureza, que é no final, capaz de nos colocar a beira dos lixões contemporâneos do auto-engano. O pequeno papel desajeitado que deixamos fora do seu contexto, nos derruba quando menos esperamos.
Longe de ser um cunho moral-religioso, atento apenas que devemos estar atento a todo e qualquer objeto que depositamos sobre os nossos altares.
Quinquilharias nem sempre torna um espaço o mais aconchegante. Temos que estar atentos as pequenas coisas que escolhemos para decorar nossa psíque.
O que nos torna em harmonia, são os espaços livre que deixamos em nossa residência. Ele nos dão uma certa segurança. Lembre-se que quando parte central de nós tem a pretensão de desmoronar, temos os espaços livres para nos acomodar. E que a partir dali, começar de novo. Se atento, podemos sempre voltar a organização nossos recôncavos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Declaração de um louco amparado pela noite

Parágrafo único - está proibido, sob todas as hipóteses se achar terminado, completo ou pronto. Ninguém está pronto até que tudo termine.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Meu texto da madrugada

Recorrer ao diálogo, simplesmente quando se quer falar coisinhas é o momento sublime em que as sensações humanas nos capacita ao órbita social da vida, porém isso tudo poderia ser muito triste quando não se tem um ouvinte.
Em um momento do tempo, as vozes se calam, os ouvidos se ensurdecem e até os sinais mais sutis de comunicação desaparecem diante as emoções e resta apenas a sonoridade feita pela forte respiração.
Tornar expressão o que de modo incoerente se passa dentro de sua caixola é crucial para quem tem idéias, pensamentos e dizeres inconfortáveis.
Pois bem, eu vos apresento um evangelho particular. Enunciado no silêncio da madrugada, onde só os loucos são capazes de ouvir.
Hora de romper com os medos e lançar-se apenas a narrar. Optar pelas letras se tornam eficazes quando não se tem opções de conversas.
O ranger de tudo que se passa ao lado prova que a vida acontece mesmo quando ela tem por pretensão, acontecer escondida. Nos move para um abismo onde nada gira em torno do nosso umbigo. A vida passa. O tempo corroi todo nosso juvenismo e a unica opção que temos, é unirmos a ele, o tempo, grande inimigo do nosso corpo. Ele traz em nós, sinais e expressões desconcertantes a quem ainda pensa em viver por mais alguns anos.
A folha branca e listrada recebe sob o peso da tinta vermelha, a responsabilidade de trascorrer o que se passa no vazio presente.
O lugar para a composição daquilo que servirá de testemunho de que permaneci ligado, não é o lugar mais adequado, espero não mais optar por esse pequeno metro quadrado, mas por enquanto, esse foi o espaço que recebeu a missão de acomodar a minha bunda até que um resquício de sono viesse. Mas esse regenerado sono não veio.
Quanto a maneira clássica de expressar o momento, é esse. A narrativa feita com um pouco de vida, papel e caneta.
A música poderia participar desse momento, mas preferi o som do lado de fora.
Mas, me afasto daqui. Deito-me. Agradeceria se conseguisse me apagar ao menos mais uma noite, porém se o sono não me acompanhar, permanecerei com as anedotas contadas pelo meu inconsciente. O suficiente para manter-me na gravidade de pensamentos toscos e idiotas.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tudo não passa de rascunho

Vamos recorrer a dinâmica do dia que nos diz receber uma folha em branco a cada dia. Vamos delinear os nossos passos, o pouco de história que nos propomos escrever.
Tudo parece tão mesquinho quando se nota que tudo não passa de rascunho, pois a cada virar de página não podemos escrever atrás da mesma folha. Nos é dado uma folha nova, sem mesmo perguntar se concluímos o que começamos ontem. A coisa se descontrói pois não recordamos em que ponto paramos, tudo se desfaz.
Os sonhos de ontem, se tornam babaquices no que entendemos agora. Projetos inabitáveis a realizações humanas; os poemas transcritos outrora, passam a ser lidos com um gosto bem mais amargo do que era antes, a desilusão penetra no âmago.
E em falar em desilusão, tudo isso não passa de estranhamentos e insatisfações.
Se de fato recebo hoje, a tal folha em branco, escrevo apenas o meu sofisticado nome no alto. Enquanto a incerteza habitar os meus desejos, prefiro poupar-me a rabiscar alguma coisa. Refino as incoerências e não toco em parte alguma. Não desejo ter que reescrever mais um de meus temperamentos amanhã.
A mudança é um fato ideológico que acontece, mas nem sempre ela anda em harmonia com os desejos de nossas vontades.
Os momentos são rascunhos a parte. O que sou é além distante disso. Quero levantar e perceber que posso continuar escrevendo no mesmo papel já manchado pela tinha velha de ontem. Quero ter o direito de usar o verso, o avesso.
E o último desejo é aquele que ninguém tente jogar os meus rascunhos no lixo. Eu sou o portador do meu livro, das minhas páginas. Se alguém tem que fazer isso, que seja eu.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sutil inocência

É triste procurar e não achar. Perguntar e não obter resposta, mas o alivio vem quando se denota que isso não é pessoal, pois todos vivem os dilemas propostos por suas incoerências.
Talvez se perde muito da tranqüilidade devido aos filmes ao quais somos submetidos a encenar. As torturas que o enredo nos leva a enfrentar com unhas e dentes. Outrora ainda, pelos escritos majestrais dos nossos autores preferidos, que em confusão consigo mesmo, transpassaram para papéis suas fugas, as incríveis aventuras de como seria se eu fosse diferente nisso ou naquilo.
Inocência, não me lembro dela desde que eu ainda era a junção espetacular da transgressão espermatozóideóvulo.
Muito se perdeu, porém, muito se ganhou.
A vida nos coloca frente a frente com os obstáculos, que só permanecem ali dependendo da nossa disponibilidade em querer ultrapassar.
Nos é reservado durante todo o tempo a possibilidade de mudanças, de superações. O problema é que como tudo parece muito difícil, decidimos pelo óbvio, pelo simples e no fim, escolhemos em sermos fracos.
Quando perdemos alguma coisa, a culpa é nossa.
Nossa infância por exemplo mostra que não éramos tão inocentes assim, pois íamos atrás do novo, inventávamos. Agora, grandes, não temos motivações suficientemente pessoais para inovar. Nos deparamos na beira de alguma coisa e só o que fazemos é dar meia volta.
Digo por mim, digo por você.
Somos inocentes a tal ponto de que não vivemos nossos medos. Trancamos nossos sentimentos, nossos afetos, nossas dores.
Que não nos falte a consciência de que crescemos, mas queiramos apenas a (falta de) inocência que tinha aos meus oito anos.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Pseudoafetismo

Diante da arte talhada com os próprios punhos, recebemos com grande satisfação a oportunidade de juntar nossas miudezas. Pedaços que deixamos cair ao longo de vários invernos e que sensacionalmente notamos que não passou de um grande mal entendido.

O fato a se questionar é o quanto fizemos nos últimos tempos para nos superar e o quanto acostumamos com o que nos foi oferecido. Claro, somos tão carentes que muitas vezes aceitamos receber porcarias em troca de algum "agrado" sentimental. Nos acostumamos com as coisinhas alheias, que em sã consciência jamais teríamos barganhado em troca de migalhas, de restos...

Dependendo da situação, se torna desconfortante, e penso que deve ser assim, a dor ao qual nos encaminhamos passo-a-passo para a superação do homem comum e estagnado em que nos tornamos.
 Não somos objetos, menos ainda escombros capazes de armazenar entulhos. Acredito no valor que temos, mas não num valor de liquidação em que todos colocam as mãos, experimentam e deixam para trás. Temos que saber o quão refinado deve ser nossas escolhas. Não se dar em quantidade, pois o outro não é capaz de armazenar tanta diferença consigo. Cada um tem que levar o seu valor, os retalhos são particulares.

Enfim, estamos em construção. Isso tudo pode demorar, pode ser doloroso... Somos atingido muitas vezes em nossos alicerces para nos tornarmos fortes, e parece que com isso a gente já aprendeu a viver, mas a didática que nos faltou, é aquela que nos faz desmoronar: a queda do nosso singular teto de vidro.